Alterações bucais estão entre os sinais mais frequentes de infecção pelo vírus HIV, alerta odontóloga da Sesau
Em alusão à campanha Dezembro Vermelho, que busca conscientizar a sociedade sobre a prevenção ao HIV/AIDS e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) chama a atenção para a importância do diagnóstico precoce dos casos. Entre os sinais de alerta mais frequentes estão as alterações bucais, que apresentam importantes indicadores para iniciar a investigação de possíveis infecções.
Conforme explica a coordenadora do Programa Estadual de Saúde Bucal, a cirurgiã-dentista Lisiane Torres, estudos científicos indicam que até 50% das pessoas HIV positivas apresentam manifestações orais ao longo da infecção, percentual que chega a até 80% nos casos de Aids. “A saúde bucal tem um papel estratégico no cuidado das pessoas acometidas pelo vírus. Muitas vezes, os primeiros sinais de infecção aparecem na cavidade oral”, disse.
A especialista detalha que as alterações orais mais comuns são a candidíase oral, herpes, leucoplasia pilosa, lesões relacionadas ao HPV, além de doenças periodontais, que variam desde gengivites até quadros mais graves, como a periodontite necrosante ulcerativa. Também podem ocorrer aftas recorrentes, boca seca, ulcerações persistentes e, em casos mais avançados, lesões malignas, como o Sarcoma de Kaposi.
Diante desse cenário, o atendimento odontológico é parte essencial do cuidado integral à saúde das pessoas vivendo com HIV/AIDS. Lisiane Torres reforça que a atuação do cirurgião-dentista, integrada ao acompanhamento médico, contribui para o diagnóstico precoce, o controle das manifestações bucais, a melhora da qualidade de vida dos pacientes e o fortalecimento da atenção à saúde no serviço público.
Rede de cuidado para a população
No campo da prevenção, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza estratégias eficazes e acessíveis, como o uso de preservativos em todas as relações sexuais, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), indicada para pessoas em maior risco de exposição ao HIV, e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que deve ser iniciada em até 72 horas após uma possível exposição ao vírus.
A prevenção combinada inclui, ainda, a vacinação contra HPV e hepatite B, a testagem periódica e a não utilização compartilhada de objetos perfurocortantes. O SUS também oferece tratamento gratuito às pessoas vivendo com HIV/AIDS, seguindo protocolos clínicos e diretrizes de biossegurança estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS), assegurando cuidado continuado, humanizado e integral.
“No SUS, trabalhamos para garantir um atendimento odontológico qualificado, humanizado e integrado à rede de atenção à saúde, contribuindo para o diagnóstico precoce, o acompanhamento adequado e a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas”, finaliza a coordenadora estadual de Saúde Bucal.