Alfredo Gaspar expõe fluxo bilionário e alerta para “festa do crime” na lavagem de dinheiro de aposentados e pensionistas
O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar, trouxe à tona nesta quinta-feira (27), durante sessão da Comissão, um organograma relatando o branqueamento bilionário de capitais em empresas de fachada. O gráfico foi apresentado antes do encerramento da oitiva do contador Mauro Palombo, ligado a entidades investigadas no roubo de aposentados e pensionistas.
“Chegamos a um fluxo bilionário de recursos e parte desse dinheiro se transformou em criptomoedas. A lavanderia juntou dinheiro de aposentado e pensionista, dinheiro de outras organizações criminosas, e muitos desses valores terminaram em compra de moedas digitais”, afirmou.
O relator também chamou atenção para as fragilidades do sistema financeiro brasileiro diante da complexidade das operações reveladas. “O crime no Brasil está fazendo a festa em lavagem de capitais. Precisamos ter consciência de que o dinheiro da corrupção fortalece o crime organizado”, disse.
Durante a reunião, Alfredo Gaspar ressaltou que a ARPAR se mantém como um ponto estratégico nesse fluxo ilícito, situação que intensifica a gravidade de qualquer tentativa de blindagem. “Nós não podemos visualizar a proteção da Arpar porque é ligada a quem quer que seja. Não podemos interromper essa investigação. Precisamos chegar definitivamente ao modus operandi de lavagem de capitais no país”, colocou. “Esse dinheiro está pelo mundo, seguindo para muitas organizações criminosas. Vimos estruturas organizacionais se valendo de camadas sobrepostas e estratificadas para esconder recursos, que, no final, desaparecem em criptomoedas”.
Ao concluir, o parlamentar reforçou que a investigação deve seguir sem interferências externas. “O Brasil está acima de blindagens individuais. Todo dia surge uma nova corrupção. O país não vai aguentar se não mostrarmos resultados concretos”.
Depoimento: Para Alfredo Gaspar, a oitiva do contador Mauro Palombo, ligado aos principais núcleos das entidades investigadas, confirmou que o funcionamento do sistema criminoso, numa das organizações, só foi possível graças a um amplo aparato técnico que sustentou a estrutura de desvio e ocultação dos recursos.
“Mauro Palombo é uma figura-chave, que aparece como contador de diversas entidades ligadas ao roubo de aposentados e pensionistas. Apesar de ele ter tentado se explicar, para mim, ele não deixou nada claro, e existem muitos indícios de sua participação nesse esquema criminoso”, completou Alfredo Gaspar.