Exército prende os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio em quartel de Brasília
CMP possui instalações recentes e forte esquema de segurança
Homens do Exército acompanharam, na tarde desta terça-feira, os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira até o Comando Militar do Planalto (CMP), segundo informações publicadas pela jornalista Carla Araújo, do UOL. De acordo com a apuração da coluna, já foi emitido o mandado de prisão contra os dois militares, que decidiram se apresentar espontaneamente à instalação militar enquanto aguardam a oficialização da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O CMP, localizado no centro de Brasília, possui instalações recentes e forte esquema de segurança. É nesse local que, conforme a reportagem, os generais devem começar a cumprir as penas de 21 anos (Heleno) e 19 anos (Paulo Sérgio), determinadas por sua participação na tentativa de golpe de Estado.
Celas simples e disciplina militar
Segundo militares ouvidos pela coluna, as celas adaptadas para recebê-los seguem um padrão “sem luxo”, concebidas em estilo simples e com características de disciplina e austeridade típicas do ambiente castrense.
A trajetória de Augusto Heleno
Aos 78 anos, Augusto Heleno é considerado no Exército um oficial “tríplice coroado”: esteve em primeiro lugar em todas as etapas de formação — na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), na Esao (Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais) e na Eceme (Escola de Comando e Estado-Maior).
Durante o governo de Jair Bolsonaro, porém, Heleno adotou postura cada vez mais radicalizada. À frente do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chegou a sugerir uma “virada de mesa” no processo eleitoral, afirmando que seria necessário “agir contra determinadas instituições e determinadas pessoas”.
Paulo Sérgio: do comando do Exército ao Ministério da Defesa
Com 67 anos, o general Paulo Sérgio protagonizou um movimento inédito ao deixar diretamente o comando do Exército para assumir o Ministério da Defesa. Sua nomeação para o comando da Força, em abril de 2021, ocorreu apesar de ele ser apenas o quarto nome na lista de antiguidade — uma decisão do então presidente Bolsonaro e do ministro da Defesa à época, Walter Braga Netto.
Quando Braga Netto deixou o cargo em 2022 para integrar a chapa de Bolsonaro como candidato à vice-presidência, Paulo Sérgio assumiu o ministério, onde permaneceu até o fim do governo. Durante o período eleitoral, ele fez críticas públicas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), incluindo a condução da Comissão de Transparência Eleitoral, aumentando a tensão entre militares e a Justiça Eleitoral.
A formalização da decisão do STF deve ocorrer nas próximas horas. O caso reacende o debate sobre o papel das Forças Armadas nos episódios que culminaram na tentativa de ruptura institucional no país.