Notícias

CNU: professores apontam como definir estratégia de estudos a partir das mudanças do edital da nova edição

Nova banca, alterações de conteúdos programáticos e reestruturação dos blocos devem ser consideradas durante a preparação para o certame

Por Agência O Globo - 02/07/2025
CNU: professores apontam como definir estratégia de estudos a partir das mudanças do edital da nova edição
CNU professores (Foto: divulgação)

Com o edital publicado, a nova edição do Concurso Nacional Unificado (CNU) chega com mudanças significativas que exigem atenção dos candidatos já na estratégia de estudos. O EXTRA ouviu especialistas e professores que analisam desde a troca da banca organizadora até as alterações no conteúdo programático e na estrutura das provas.

A principal alteração está na troca da banca organizadora: sai a Cesgranrio, entra a Fundação Getulio Vargas (FGV). Letícia Bastos, professora de Gran Concursos, explica que a nova banca é mais exigente e cobra interpretação de textos mais complexos, com enunciados longos explorando sutilezas semânticas e gramaticais:

— A FGV também traz enunciados longos e muitas vezes com “pegadinhas” ou alternativas semelhantes. Na prática, isso significa que a prova tende a ficar mais difícil, sobretudo para os candidatos que não estão habituados ao estilo da banca.

Já as mudanças no conteúdo de conhecimentos gerais do CNU 2 foram pontuais, mas exigem atenção dos candidatos na hora de reorganizar o cronograma de estudos. Embora a estrutura básica dos temas cobrados seja bem parecida com a da primeira edição, houve uma alteração que precisa ser considerada nos estudos.

— As matérias como Desafios do Estado de Direito, Políticas Públicas, Diversidade e Inclusão, Ética e Integridade e Administração Pública Federal continuam semelhantes ao edital anterior. A principal mudança é a substituição da disciplina de Finanças por uma nova: tecnologia no trabalho — explica o Aline Menezes, professora do Gran Concursos

A inclusão de questões relacionados a tecnologia atendem a uma demanda apontada pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, durante coletiva de imprensa na última segunda-feira (dia 30).

Segundo chefe da pasta, os conhecimentos sobre tecnologia são esperados de todos os candidatos para aprimorar os serviços prestados pelos órgãos públicos:

— O servidor do futuro tem que ter essa capacidade de atuação transversal, de olhar estratégico para as políticas públicas e uma mentalidade digital porque o governo está cada vez mais digital. Em qualquer área, você tem que ter essa mentalidade, e não são só o pessoal que trabalha diretamente na área de tecnologia da informação.

Em relação ao conteúdo de finanças públicas, houve de fato um enxugamento no novo edital. Na primeira edição do CNU, a disciplina tinha papel central entre os conhecimentos gerais, especialmente porque o concurso previa 900 vagas para cargos como auditor fiscal, área que exige domínio técnico aprofundado sobre orçamento, receitas e despesas públicas.

Segundo a professora Aline, na edição deste ano, com a distribuição de vagas concentrada em outras áreas — como assistência social, saúde, educação e regulação —, o conteúdo de finanças perdeu espaço e foi retirado do núcleo comum.

Isso não significa, no entanto, que o tema desapareceu completamente. Alguns tópicos, como finanças, antes tratados de forma isolada agora estão incorporados à disciplina de Administração Pública Federal, exigindo compreensão básica do funcionamento orçamentário do Estado, mas sem a mesma profundidade anterior.

— Acredito que isso tenha acontecido em decorrência das vagas desse novo edital, uma vez que na primeira edição, esse assunto era imprescindível, principalmente por conta do quantitativo de vagas (900 vagas) para a carreira de auditor fiscal e outras áreas. Entretanto, neste edital aparece alguns tópicos do conteúdo de finanças na matéria de administração pública federal — explica Aline.

Mudanças nos blocos temáticos

A estrutura do concurso também foi ampliada. Serão nove blocos temáticos, em vez de oito como na primeira edição. Foram criados blocos distintos para "Seguridade Social: Saúde, Assistência Social e Previdência", "Ciências, Dados e Tecnologia" e dois blocos intermediários separados para "Saúde" e "Regulação".

O novo bloco, voltado à Seguridade Social, foi criado após a adesão do INSS ao certame. Com isso, o edital passou a contemplar conteúdos específicos da área.

— Em relação a esse bloco novo, tivemos a inclusão de conteúdos específicos sobre direito previdenciário e também de assistência social — explica Fernando Maciel, professor do Gran Concursos.

O especialista destaca ainda que somente os blocos 8 (Saúde) e 9 (Regulação e Agências Reguladoras) cobrarão a disciplina de Língua Portuguesa como parte dos conteúdos específicos da primeira fase. Nos demais blocos, o domínio da linguagem será avaliado nas provas discursivas.

Vai funcionar assim: a prova discursiva para cargos de nível superior trará duas questões dissertativas de até 30 linhas, cada uma valendo metade da nota. Segundo Fernando, 50% da avaliação será baseada no domínio da língua portuguesa e os outros 50% no conteúdo técnico do cargo.

— Isso quer dizer que nos blocos de nível superior a cobrança de conhecimento de língua de portuguesa será somente na objetiva — afirma Fernando.

A principal recomendação dos especialistas é direcionar os estudos com base no histórico da banca. Isso significa resolver provas anteriores da FGV. Também é essencial investir em leitura interpretativa e no aprofundamento da gramática normativa, já que essa banca costuma explorar questões que exigem análise sintática, domínio da coesão textual e interpretação refinada de enunciados complexos.

Outro ponto destacado pelo professor que pode dificultar o avanço na resolução das questões, especialmente para quem não está acostumado com esse formato. Por isso, é fundamental já começar a se familiarizar com o estilo da banca.

— É preciso estudar diretamente por provas anteriores da FGV, ajustar o cronograma à nova disciplina de “Tecnologia e trabalho” e investir na leitura interpretativa e na escrita. Além disso, não adianta simplesmente ficar lendo esse conteúdo sem se familiarizar com essas questões — orienta Fernando.

Como vai funcionar a avaliação para cargos de nível superior

A estrutura da prova do CNU varia conforme o nível de escolaridade exigido pelo cargo, com diferenças na quantidade de questões, no peso das disciplinas e na forma de avaliação das provas discursivas.

Para os cargos de nível superior, a prova objetiva será composta por 90 questões, sendo 30 de Conhecimentos Gerais e 60 de Conhecimentos Específicos.

As questões de Conhecimentos Gerais terão peso 1, ou seja, cada acerto valerá um ponto, totalizando até 30 pontos. Já os Conhecimentos Específicos estarão distribuídos em cinco eixos temáticos, com 12 questões cada, somando 60 questões no total. A pontuação dessa parte da prova será calculada com base em pesos diferentes atribuídos a cada eixo, que variam de 1 a 5.

Esses pesos são definidos conforme o órgão, o cargo e a especialidade escolhida pelo candidato, e a soma dos pesos de todos os eixos devem totalizar 10. Isso significa que alguns temas terão mais impacto na nota final do que outros, de acordo com a prioridade de cada função pública.

Já a prova discursiva de nível superior será composta por duas questões dissertativas, cada uma valendo 22,5 pontos, totalizando até 45 pontos. As respostas deverão ter até 30 linhas cada

Como vai funcionar a avaliação para cargos de nível intermediário

Para os cargos de nível intermediário, a prova objetiva terá 68 questões — sendo 20 de Conhecimentos Gerais e 48 de Conhecimentos Específicos. Nesse caso, todas as questões terão peso 1, e a nota será simplesmente a soma dos acertos, podendo chegar a até 68 pontos.

Os conteúdos específicos também estarão organizados por eixos temáticos, como no nível superior, mas sem variação de peso entre eles.

A prova discursiva para nível intermediário será uma redação em formato dissertativo-argumentativo, também com limite de até 30 linhas. Nesse caso, 100% da nota será atribuída com base no uso da Língua Portuguesa, avaliando domínio gramatical, estrutura textual (introdução, desenvolvimento e conclusão), coerência, coesão e clareza na exposição das ideias.