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Quem é o bicheiro Marcelo Mesqueu preso em mansão na Barra da Tijuca

Conhecido como Marcelo Cupim no mundo da contravenção, o bicheiro usava uma tornozeleira eletrônica quando foi preso nesta segunda-feira

Por Agência O Globo - 01/07/2025
Quem é o bicheiro Marcelo Mesqueu preso em mansão na Barra da Tijuca
(Foto: )

Empresário e campeão em torneios internacionais de pôquer. Assim Marcelo Simões Mesqueu, conhecido como Marcelo Cupim, aparece em sites e revistas especializadas neste tipo de jogo. Já no noticiário policial, o MP e as polícias o definem como bicheiro. O contraventor foi preso nesta segunda-feira, em sua mansão na Barra da Tijuca.

Marcelo Cupim já havia sido preso pela Polícia Federal, em novembro de 2023,ao deixar sua filha em uma escola particular na Barra da Tijuca, após ser denunciado pelos crimes de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro obtidos com a exploração de jogos de azar.

A denúncia contra Cupim foi no âmbito da Operação Fim da Linha do MPRJ, de 2022. Além dele, outro alvo da ação foi o bicheiro Bernardo Bello — ex-genro do bicheiro Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, já morto—, que está foragido. Na época da operação foram encontrados R$ 435 mil em espécie na casa de um sargento da PM denunciado como integrante da organização criminosa dos dois contraventores.

Desde julho do ano passado, Cupim conseguiu na Justiça o benefício da prisão cautelar, com o uso da tornozeleira eletrônica. Além disso, ele era obrigado a comparecer no fórum até o quinto dia do mês. O passaporte dele também foi confiscado pelo juízo.

Prisão do contraventor

Depois de receber convidados para uma festa em sua mansão na Barra da Tijuca, na noite de domingo (29/06), o bicheiro Marcelo Simões Mesqueu, o Marcelo Cupim, de 58 anos, foi obrigado a abrir suas portas a outro tipo de visita: a de policiais e promotores. Ele foi preso na manhã do dia seguinte (30/06), denunciado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) como mandante do duplo homicídio contra Haylton Carlos Gomes Escafura — filho de José Caruzzo Escafura, o Piruinha, que morreu no início deste ano — e da namorada dele, a soldado da PM Franciene de Souza, em 2017.

A operação contra Marcelo Cupim foi desencadeada pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do MP — com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência —, pela Delegacia de Homicídios da Capital e pela Corregedoria da Polícia Militar. Segundo o MP, o motivo da morte de Haylton Escafura foi a disputa de pontos da Zona Norte do Rio com Marcelo Cupim.

O filho de Piruinha tinha saído da prisão cinco meses antes e estava em liberdade condicional. Segundo investigações, ele estaria tentando retomar territórios que havia perdido para desafetos, principalmente Marcelo. As áreas tinham sido arrendadas por Piruinha, integrante da velha cúpula do jogo de bicho. Haylton havia sido preso em 2012 e condenado a 15 anos de prisão pelos crimes de contrabando e formação de quadrilha.

Além do mandado de prisão contra Marcelo, a 4ª Vara Criminal da Capital expediu 15 mandados de busca e apreensão contra mais seis investigados por envolvimento no crime. Como havia buscas nas casas de dois policiais, o Gaeco pediu auxílio à Corregedoria da PM. Os agentes foram a endereços na capital do Rio; em Cabo Frio, na Região dos Lagos; e em Florianópolis (SC).

Na casa de Marcelo Cupim — que estava com tornozeleira eletrônica desde julho do ano passado, por determinação da Justiça —, os agentes apreenderam dinheiro, cheques e munição.

Segundo as investigações do Gaeco, para assassinar o casal, Marcelo teria contratado homens do Escritório do Crime, um conhecido grupo de matadores de aluguel.

Os matadores do Escritório do Crime

O Escritório do Crime atuava nas sombras até o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, em 14 de março de 2018. Embora hoje se saiba que o grupo de matadores de aluguel não teve envolvimento com os homicídios da vereadora e do motorista, ele vem sendo investigado por outras execuções — entre elas, Haylton e Franciene.

A quadrilha de sicários era comandada pelo ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em uma ação policial na Bahia, em fevereiro de 2020.

Além de Adriano, o Ministério Público e a Delegacia de Homicídios da Capital apontam como integrantes do Escritório do Crime os irmãos Leonardo e Leandro Gouvêa da Silva, conhecidos como Mad e Tonhão, respectivamente. Ambos estão presos desde 2020, acusados de envolvimento na morte do empresário Marcelo Diotti, ocorrida no mesmo dia de Marielle.

Como o crime aconteceu

Encapuzados

Haylton e Franciene foram surpreendidos por dois homens encapuzados na madrugada de 14 de junho de 2017.

Arrombamento

O casal estava numa suíte do Hotel Transamérica, na frente da Praia da Barra, quando os matadores arrombaram a porta à base de chutes e tiros.

Três tipos de calibres

Segundo as investigações, usaram armas de três calibres diferentes, incluindo um fuzil, para cometer o crime. Na porta havia mais de 20 marcas de tiros.

Câmeras

Os matadores não se importaram com as câmeras de segurança. Segundo a DHC, os criminosos chegaram ao hotel pelo estacionamento, no subsolo, subiram as escadas até o oitavo andar e invadiram o quarto.