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‘Orca mais solitária do mundo': conheça Kshamenk, filmado imóvel em tanque na Argentina

Animal fica em uma piscina de apenas 12 metros de largura e 4 de profundidade

Por Agência O Globo - 30/06/2025
‘Orca mais solitária do mundo': conheça Kshamenk, filmado imóvel em tanque na Argentina
(Foto: )

Um vídeo divulgado pela ONG Tide Breakers nas redes sociais reacendeu o debate sobre a situação da orca Kshamenk, considerada a última de sua espécie em cativeiro na América do Sul. Nas imagens, gravadas no dia 9 de junho no parque aquático Mundo Marino, na Argentina, o animal aparece imóvel por horas dentro de um tanque de concreto: uma piscina de apenas 12 metros de largura e 4 de profundidade. Assista ao vídeo:

Com mais de 6 metros de comprimento e pesando mais de 4 toneladas, Kshamenk tem 35 anos e vive no aquário desde 1992, quando teria sido resgatada após encalhar na baía de Samborombón. Desde a morte de sua companheira, Belén, no ano 2000, ela não vê outra orca, há mais de 24 anos. Segundo especialistas, na natureza, uma orca pode nadar até 400 quilômetros por dia. No cativeiro, sua rotina física se resume a dar cerca de 500 voltas na pequena piscina onde permanece confinada.

A gravação gerou comoção internacional e impulsionou campanhas que pedem o fim da exibição de animais marinhos na Argentina. O caso também deu origem a um projeto de lei conhecido como “Ley Kshamenk”, que tramita no Congresso argentino e propõe a proibição de espetáculos com animais aquáticos.

Entidades de defesa dos direitos animais acusam o parque Mundo Marino de manter Kshamenk sob maus-tratos, incluindo privação de estímulos, fome para condicionamento de comportamento e ruídos que prejudicam seu sonar, essencial para a orientação de cetáceos. Em publicações nas redes sociais, as ONGs denunciam que a orca passa 23 horas por dia sem se mover, em uma espécie de “cela de isolamento”.

O aquário, por sua vez, nega irregularidades. No site oficial, afirma que Kshamenk é “saudável, ativa, curiosa e afetuosa”, com uma rotina monitorada por oito cuidadores, três veterinários e sete especialistas externos. O animal vive em um complexo de cinco tanques conectados, com seis milhões de litros de água e alimentação diária de cerca de 100 quilos de peixe.

Apesar das críticas, Kshamenk ainda participa regularmente de shows para o público, realizando saltos, acenos e movimentos sincronizados sob o comando de treinadores. O caso remete ao debate global sobre cetáceos em cativeiro, que ganhou força após o documentário Blackfish (2013), sobre a orca Tilikum, do SeaWorld, que matou sua treinadora. Após a repercussão, o parque norte-americano encerrou seu programa de reprodução de orcas em 2016.