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Brasileira que fez trilha onde Juliana Marins morreu, na Indonésia, denuncia condições precárias: 'Maior furada da vida'

Leticia Mello destacou frio, equipamentos precários, comida insuficiente e despreparo dos guias durante subida no Monte Rinjani

Por Agência O Globo - 26/06/2025
Brasileira que fez trilha onde Juliana Marins morreu, na Indonésia, denuncia condições precárias: 'Maior furada da vida'
Leticia Mello destacou frio, equipamentos precários, comida insuficiente e despreparo dos guias durante subida no Monte Rinjan (Foto: O Globo)

Após a morte de Juliana Marins de 26 anos, encontrada sem vida nesta terça-feira no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia, o relato de uma brasileira que fez a mesma trilha vitralizou nas redes sociais, nesta quarta-feira (25/11). No post, a gaúcha Leticia Mello contou a experiência de subir o vulcão onde Juliana morreu, e classificou como a “maior furada da vida”.

No texto, Leticia criticou a infraestrutura e fez um alerta a viajantes sobre os riscos da trilha. Juliana caiu durante uma trilha guiada na madrugada da última sexta-feira, em um dos trechos mais perigosos da rota que leva ao cume do vulcão. Ela caiu em uma ribanceira e ficou presa por quatro dias em uma encosta de difícil acesso, sem água, comida ou abrigo.

A escritora, que fez a expedição em junho de 2017, afirma que a subida ao vulcão é vendida por empresas locais como uma atividade simples, “um passeio”, 'sem necessidade de preparo físico ou equipamentos adequados. Ela conta que muitos turistas sobem com roupas leves e sem proteção contra o frio.

"Já subi sozinha o vulcão mais alto da América Central, na Guatemala, subi outros vulcões e montanhas (...), mochilei pelo Sudeste Asiático e vivi infinitas aventuras! Dentre tudo que já fiz, o Monte Rinjani foi a única atividade em que me senti em perigo real (...) compartilho isso para que mais pessoas saibam que o que acontece no Rinjani não é montanhismo de verdade e nem deveria ser comercializado da maneira que é - evitando tragédias e perdas futuras".

Leticia compartilhou fotos e vídeos para ilustrar as condições da trilha. Segundo ela, além do público ser mal-preparado, guias locais também não têm equipamentos apropriados para a trilha.

“As condições eram extremamente precárias, ao ponto de a tenda das meninas que estavam conosco não ter aguentado ficar de pé, e elas dormirem com a tenda completamente caída sobre elas. A nossa tenda ficou em pé com a ajuda do galho/bastão. Assim que amanheceu, metade do grupo desistiu e desceu a montanha”, contou.

Segundo ela, a chega ao cume a fez “chorar de frio e desconforto”. “A montanha estava completamente fechada e eu não via razão para subir, já que não haveria nascer do sol”.

“Foi somente na descida do cume, com o dia amanhecendo, que tive noção do tamanho do penhasco que existe para ambos os lados. E olha que não me assusto com pouco - fiquei bem perplexa por termos subido no escuro, sem equipamento, com frio e com guias que, apesar de permanecerem conosco, não tinham preparo”, relatou.