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Roda de Coco celebra o gênero musical e anima a Praça das Aroeiras, em Maceió
Todas as segundas-feiras, a Praça das Aroeiras, na Ponta Verde, em Maceió, balança num dos mais autênticos ritmos nordestinos. O movimento já acontece há pouco mais de um ano. E a caixa de ressonância é a Roda de Coco.
À noitinha, ali se reúnem amigos para reverenciar o gênero musical tão bem executado e representado por mestres e mestras, a exemplo do paraibano Jackson do Pandeiro, da pernambucana Selma do Coco e dos alagoanos Clemilda e Jacinto Silva.
“A ideia surgiu de uma conversa entre o Rogério Dyaz e o Tainan Costa, da Mutum Orquestra do Coco Alagoano, para exaltar o Coco enquanto gênero musical, diante do apagamento desse gênero. Muitos coquistas tiveram de virar sambistas ou forrozeiros pela pressão das gravadoras”, recorda o multi-instrumentista Marvim Silva, um dos participantes da Roda de Coco.
O encontro de todas as segundas é de primeira! Tem poesia, boa conversa e, claro, música. A Roda embala o público presente, misturando gerações na batida do Coco. Faz também girar outra roda, a da economia. Trailers de alimentos e bebidas instalados na praça faturam com o movimento de pessoas que prestigiam as apresentações.
“O formato é como se fosse uma roda de samba, uma roda de pagode, uma roda de chorinho, mas quando a gente começa, o gênero musical é o Coco”, avisa Rogério Dyaz, idealizador.
“A gente defende o coco como uma batida, mãe da música brasileira. E isso é uma teoria; Jackson do Pandeiro concorda, Alceu Valença e muita gente da música concorda; então a batida do Coco é a base da música brasileira”, completa Dyaz.
E lá se vão 88 Rodas de Coco desde que o movimento começou. A mais recente aconteceu na segunda-feira (9). O Alagoas Notícia Boa (ALNB) foi lá conferir! A cada encontro, uma personalidade ligada à música e à cultura de forma geral é convidada.
A vez foi do maestro José Fabiano Amorim, 85 anos, mais de 60 deles dedicados ao ensino por meio da Escola de Música Professora Alcina Leite, da Associação Musical Professor Francisco Pedrosa, entidade mantenedora, em Coqueiro Seco, município da região Metropolitana de Maceió.
“A música na minha vida é tudo”, afirma Fabiano. “Foi uma graça de Deus que alcancei, descobri que tinha vocação e a alimentei”, acrescenta o maestro, que aos 13 anos de idade tirou os primeiros acordes num sax-horn, conhecido como trompa.
“É a base para todo músico”, ensina Fabiano, que gosta mesmo é do saxofone e do clarinete, com os quais executa magistralmente cocos, sambas, frevos, marchinhas…
Sob a batuta de mestre Fabiano já passaram mais de mil alunos. A humildade, entretanto, toca mais alto no peito do experiente músico.
“Eu não me considero professor. Eu me considerava, lá dentro da banda, um músico mais experimentado, mais velho, em condições de repassar o que eu aprendi com os outros, com os maiores”, pondera, agradecendo pela homenagem da Roda de Coco. “É uma satisfação receber essa homenagem dos amigos e do grupo”.