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Wado inaugura exposição Mitologia Alagoana no MISA na próxima quinta-feira (28)

Composta por 20 quadros, mostra retrata vultos e personalidades histórico-culturais do passado e do presente do estado como personagens dos quadrinhos

Por Redação com assessoria 25/11/2024
Wado inaugura exposição Mitologia Alagoana no MISA na próxima quinta-feira (28)
Composta por 20 quadros, mostra retrata vultos e personalidades histórico-culturais do passado e do presente do estado como personagens dos quadrinhos (Foto: Fernando Coelho)


Após a aplaudida estreia na Fundação Casa do Penedo, a exposição Mitologia Alagoana aporta pela primeira vez em Maceió, com abertura na noite da próxima quinta-feira (28), às 19h, no Museu da Imagem e do Som de Alagoas (MISA), em Jaraguá. Composta por 20 telas (medindo 1m x 0,70m), a mostra apresenta os traços singulares de Wado, que vez ou outra troca os palcos pelas galerias – é a sexta exposição que o artista realiza desde 2017.

Desta vez, a ideia foi apresentar de forma bem-humorada nomes relevantes da história e da cultura alagoana como personagens do universo dos quadrinhos – verdadeiros heróis da vida real, num mundo cada vez mais carente de exemplos autênticos que inspirem novas e velhas gerações.

Por isso, lado a lado, estão lá baluartes do passado e personalidades do presente. Por exemplo, a médica psiquiatra Nise da Silveira vira a Mulher Invisível; a jogadora Marta encarna versão feminina de Thor, e Deodoro da Fonseca ganha feições de Thanos.

Em generosa paleta de referências, Wado pincelou músicos, escritores, intelectuais e vultos históricos que vestem a fantasia para borrar o senso comum e provocar novas percepções no lugar da memória e da imaginação. “Além do prazer artístico de voltar a pintar, a exposição me permite compartilhar reflexões sobre quem somos enquanto viventes das Alagoas por meio dessas figuras extraordinárias. Cada um, à sua medida, determinante para a compreensão de nossa trajetória enquanto povo, enquanto gente”, pondera o artista.

Tem mais: os consagrados Hermeto Pascoal e Jacinto Silva se tornam, respectivamente, O Coisa e o Tocha Humana; o historiador Abelardo Duarte vem com a força do Demolidor; a artista transgênero Danny Bond recebe o laço da Mulher Maravilha, o cantor Givly Simmons (Figueroas) sobe na prancha do Surfista Prateado e o jornalista Enio Lins aparece como o Visão.
E ainda, os mitológicos Corisco como Wolverine, Moleque Namorador como Homem-Aranha e Zumbi dos Palmares na pele do Pantera Negra.

Uma vez reunido, o conjunto pretende lançar luz sobre o amor próprio do povo alagoano a partir da ressignificação bem-humorada de alguns dos principais protagonistas da cultura local.

Além dos personagens clássicos da DC Comics e da Marvel, o autor cita como inspiração HQs de autores consagrados, como Jack Kirby, Bob Kane (Batman) e Martin Nodell (Laterna Verde) em fusão com nomes contemporâneos da arte urbana, como o australiano Anthony Lister.

Quadros levados pela chuva

Ao longo da gestação, Mitologia Alagoana sofreu baixas após um temporal inundar o ateliê onde Wado elabora e guarda as pinturas – todas em papel Kraft com tinta acrílica e spray. Três quadros foram perdidos. “Inicialmente foi um choque porque estavam entre as melhores obras que já produzi. O destino quis assim, quis que eu refizesse”, comenta Wado.

A boa nova é que a exposição ganhou cinco quadros a mais que a temporada exibida em Penedo. A folclórica Miss Paripueira como Arlequina, a brincante Mestra Hilda como Vixen e a ialorixá Mãe Neide foram recriadas. Entre as novidades, o ambientalista e militante político Octávio Brandão restaura ecossistemas com o raio do Lanterna Verde e o artista plástico Delson Uchôa se torna o Capitão América do Sul.

Visitas guiadas com alunos da rede pública
A exposição também convidou turmas com alunos da rede pública de ensino para visitas guiadas com o artista. Durante o passeio pelas obras, Wado fala sobre inspirações, técnicas e materiais utilizados, bem como repassa o papel histórico dos personagens e das personalidades homenageados.

“Conceitualmente, a exposição busca provocar a fruição de conhecimentos sobre figuras icônicas da história e da cultura local – nomes relevantes, com contribuições marcantes, que extrapolam as divisas do estado e as fronteiras do país, mas, muitas vezes, bem distantes do repertório e do imaginário popular, principalmente das novas gerações”, declara Wado.

Ao agrupar indivíduos com representatividade histórica e cultural tão ampla e diversificada e vesti-los como personagens consagrados pela linguagem dos quadrinhos e da cultura pop, a mostra destrava a intimidade com o público aproximando-o de sua própria história. Um convite à reflexão sobre conceitos como identidade, cidadania e autoestima.
Além de audiodescrição permanente – sob narração da cantora Cris Braun –, Mitologia Alagoana contará com intérprete de libras e acessibilidade atitudinal na abertura e nas sessões com o artista.

Mitologia Alagoana tem patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), por meio da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura (MinC), do Governo Federal, além de contar com apoio Governo de Alagoas por meio do Museu da Imagem e do Som de Alagoas (MISA) e da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult).

SOBRE O ARTISTA

Wado (47) é compositor, artista visual, jornalista, ilustrador e músico com 15 discos lançados em 23 anos de carreira, com passagens por palcos brasileiros e internacionais. O artista tem audiência mensal no streaming superior a 80 mil ouvintes, além de músicas com mais de um milhão de plays em plataformas como Spotify.

Como compositor, já teve faixas gravadas por Zeca Baleiro, Chico César, Maria Alcina, Marcelo Camelo e Marcos Valle, entre outros. Seu nono álbum, Ivete (2016), mergulhou no mundo do axé e se firmou entre os melhores do ano e chamando a atenção até mesmo da musa do ritmo baiano, responsável por nomear o CD.

Já nas artes visuais, o traço singular de Wado é marca que o acompanha desde a estreia com a exposição Experimento, em 2017. A carreira como compositor começou a dividir espaço com a de artista visual a partir do sucesso da mostra seguinte, Escamas, selecionada em edital do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) na categoria Cessão de Espaço para exibição em Belo Horizonte e Brasília.
Na sequência vieram as exposições Euforia (2018), em parceria com Pedro Lucena; Fungos (2019); Semiáridos, em parceria com SerTão Encantado (2019), e Nuvem (2021) – esta última disponível para visitação virtual no site www.wado.com.br.