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Mais de 280 famílias seguem esperando covas em cemitérios públicos de Maceió

Corpos devem ser exumados para atender a demanda. O problema pode demorar até 3 anos para ser resolvido

Por Ana Beatriz Rodrigues com assessoria 02/04/2024
Mais de 280 famílias seguem esperando covas em cemitérios públicos de Maceió
Cemitérios estão superlotados. (Foto: Reprodução/Google)

Quando uma pessoa falece, famílias e amigos enfrentam um momento de profunda dor. Essa dor e angústia são exacerbadas para 285 famílias que enfrentam a agonia de terem os corpos de seus entes queridos "presos" no Instituto Médico Legal (IML), à espera de um espaço para o sepultamento nos cemitérios públicos da capital.

A estadia longa dos corpos no IML, evidencia a urgência de medidas para acomodá-los. O Ministério Público de Alagoas (MPAL) vem intensificando suas ações para resolver a questão dos corpos e ossadas acumulados no instituto de Maceió. Uma inspeção realizada pela 62ª Promotoria de Justiça da Capital, focada no Controle Externo da Atividade Policial, levou a uma reunião emergencial. Esta contou com a participação do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos de Alagoas (PLID/AL) com o objetivo de estabelecer estratégias emergenciais para o escoamento dos corpos já necropsiados.

A promotora de Justiça Karla Padilha destacou a gravidade da situação, apontando para a responsabilidade do IML em realizar exames, e não armazenar cadáveres, o que se tornou um problema de saúde pública.

"Ao constatarmos o quantitativo elevado de cadáveres e ossadas no IML, alguns acomodados há mais de dez anos, foi realizada esta reunião comigo, a doutora Marluce e o diretor do instituto, no sentido de que possamos fazer um cruzamento de dados e, dessa forma, dar vazão, num primeiro momento, aos corpos cujos nomes constam na lista de buscas do PLID”, diz Karla Padilha.

O diretor do IML, Felipe Porciúncula, informou ao MPAL a existência de corpos e ossadas oriundos tanto da capital quanto de outros municípios alagoanos, acumulados devido à dificuldade de registros informatizados. A falta de cruzamento de dados entre os cadáveres já identificados e não reclamados com o sistema Sinalid foi um ponto crítico identificado durante a visita do Ministério Público ao IML.

A promotora e coordenadora do PLID, Marluce Falcão, enfatizou a importância da cooperação entre diferentes órgãos para identificar e localizar familiares dos falecidos, apontando para a necessidade de uma ação coordenada e proativa.

Um estudo técnico preliminar revelou a necessidade de inumar em média 120 corpos pelo IML. Com isso, a longo prazo, seriam necessárias 360 gavetas para atender à demanda. No momento, o IML conta com um total de 99 gavetas disponíveis, deixando uma defasagem que impede a resolução do problema.


Necessidade de vagas pelo IML

Em ofício encaminhado ao coordenador de Cemitérios de Maceió, Tarcísio Palmeira, o diretor do IML destaca que, conforme estudo técnico preliminar, há uma necessidade de inumação de 120 corpos, em média, no IML. Ele ressalta que, sendo necessários três anos para que se faça uma exumação, é extremamente necessária a disponibilização de 360 gavetas para a resolução definitiva da situação a longo prazo.

No momento, o IML tem à sua disposição 29 gavetas no Cemitério São Luiz e outras 70 no Cemitério de São José, no bairro Prado, em Maceió.

“Portanto, há uma lacuna de 260 gavetas para atender às necessidades do IML de Maceió. Para garantir celeridade, ele afirma no ofício que o espaço não precisa ser de grande dimensão, já que as inumações não são feitas em caixões.