Maceió em Movimento
A melancolia na arte de Firmino
Artista alagoano lança livro de poesia através de lei Aldir Blanc
Coincidentemente na semana que entrevistei o Pedro resolvi reler O pequeno príncipe. O personagem já nas primeiras páginas expõe a frustração que sentiu ainda criança quando teve seu lado artístico desencorajado por adultos que julgavam haver coisas mais produtivas a se aprender. Esse é o trecho:
“As pessoas grandes aconselharam-me a deixar de lado os desenhos de jiboias abertas ou fechadas e a me interessa de preferência pela geografia, pela história, pelo cálculo e pela gramática. Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma magnífica carreira de pintor”, - O pequeno príncipe.
É quase impossível ler essa parte e não pensar que talvez você tenha sido uma dessas crianças desencorajadas desde cedo a abandonar a arte em prol de algo entre muitas aspas, mais importantes. Mas felizmente essa história e não se repete com todos. Ao menos não se repetiu com o alagoano Pedro Firmino.
O jovem 50% escritor e 50% ilustrador como definiu-se começou bem cedo e não parou desde então. "Comecei desenhando primeiro, eu desenhava quando eu era criança e sempre com muito incentivo da minha família, sempre gostei de pintar, sempre gostei de desenhar. E o meu interesse pela literatura foi um pouco depois, quando comecei a ler. Eu não escrevia tão bem ainda, então só replicava o que fazia", declarou.
Entre as aspirações do artista estão o filósofo e escritor russo Dostoiévski, e o filme Akira. Sendo Akira uma obra que ele recomenda até hoje e a melhor parte é que tem na Netflix (cuidado aqui se tu tiver menos de 16 anos).
Firmino já expôs seu trabalho em alguns lugares de Maceió, tendo iniciado em 2021 a convite de um amigo. “Grande parte das minhas exposições foram relacionadas com um show de música local, de bandas alagoanas”, relevou o artista.
Através do edital Aldir Blanc, o primeiro livro de Pedro será então publicado. Intitulado “Um perfume que conheço pelo gosto”, o livro de poesia traz consigo uma dose de melancolia compartilhada pelo escritor através de cada poema. “Tem a ver com coisa da infância, com conhecer certas coisas de um jeito negativo. Conhecer e ter experiências que são essenciais, só que de um jeito negativo”, explicou.
A partir dessas experiências negativas surgem os problemas que seguem quem se identifica no decorrer da vida. “Tipo, conhecer um perfume pelo gosto e não pelo cheiro, e a partir disso desenvolver certos problemas de confiança, problemas de imagem, problemas de percepção de si e dos outros. É como eu me abro para os outros a partir dessas experiências”, conclui.
O lançamento do livro será no Cinearte Pajuçara e está previsto para o mês de fevereiro. Mas já pode ser adquirido através deste link.