HGE realiza em sequência duas captações de órgãos que salvaram a vida de mais seis pessoas
Duas captações de órgãos foram realizadas seguidamente no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, domingo (14) e segunda-feira (15), beneficiando seis pessoas que estavam na lista de espera por transplantes. Foram dois fígados e quatro rins coletados e já encaminhados para os receptores. Uma conquista que é fruto do trabalho integrado promovido pelas equipes da Central de Transplantes de Alagoas e da Organização de Procura de Órgãos (OPO)
O coordenador médico da OPO, Lucas Santana, explica que o transplante de rim é indicado sobretudo para pessoas com insuficiência renal crônica em estágio terminal, quando os rins não conseguem mais filtrar adequadamente o sangue e a pessoa depende de diálise ou apresenta sinais de perda progressiva da função renal que comprometem a qualidade de vida e a sobrevida. Já o transplante de fígado é necessário em casos de insuficiência hepática grave, que pode decorrer de doenças crônicas (como hepatites e cirrose), intoxicações agudas ou outras condições que levem o órgão a perder a função.
“Em ambos os casos, antes de entrar na lista de transplante o paciente passa por avaliação multiprofissional (médica, laboratorial e psicológica) para confirmar indicação, avaliar riscos e definir prioridades. As listas são organizadas por critérios clínicos e tempo de espera; e cada doação pode significar vidas salvas ou qualidade de vida recuperada”, complementou a coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos.
Com essas doações, Alagoas alcançou a 51ª captação em 2025; todas feitas por equipes qualificadas, que executam protocolos rigorosos, constatarem a morte encefálica em ambos os pacientes internos na maior unidade de urgência emergência de Alagoas. Para isso, foram realizados exames clínicos completos que comprovaram a ausência de respostas encefálicas: Coma irreversível, ausência de reflexos do tronco cerebral e falta de respiração espontânea (testes de apneia).
“Todo o procedimento é documentado e segue normativas técnicas para assegurar que o diagnóstico seja preciso. A seriedade e a segurança dessa etapa são fundamentais para a credibilidade do processo de doação. Após a confirmação da morte encefálica, nós acionamos a Central de Transplantes, acolhemos a família, explicamos à situação com clareza e respeito sobre o diagnóstico e a possibilidade de doação. A doação só ocorre após a autorização dos familiares”, acrescentou Paula Larissa da Silva, coordenadora de Enfermagem da OPO.
Captações de múltiplos órgãos exigem coordenação rápida e infraestrutura: manutenção hemodinâmica do doador na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), exames para compatibilização, logística para transporte e equipes cirúrgicas disponíveis para retirada e envio dos órgãos. No HGE, profissionais de diferentes especialidades (intensivistas, anestesiologistas, cirurgiões, enfermeiros, técnicos e equipes externas) trabalharam em conjunto para garantir segurança, tempo adequado de isquemia dos órgãos e respeito ao protocolo técnico e ético.
“Trata-se de um processo que exige técnica, experiência e muito respeito pela família. Cada etapa é realizada com atenção para preservar os órgãos e oferecer a melhor chance de sucesso para quem vai receber. O nosso compromisso é com a vida, tanto com quem recebeu o diagnóstico quanto com as futuras pessoas receptoras. Nós temos trabalhado, dia e noite, inclusive fins de semana e feriados, com muito profissionalismo e sensibilidade”, afirmou o diretor médico do HGE, Miqueias Damasceno.
Conforme a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), 649 pessoas estão na lista de espera pelo transplante em Alagoas, sendo 602 por uma córnea, 31 por um rim e 16 por um fígado. A autorização das famílias para a doação foi um grande presente de Natal para ambas as histórias que precisavam reconquistar mais autonomia e qualidade de vida; além do conforto emocional para familiares que entendem que, mesmo em meio ao luto, há um legado de solidariedade.