Inclusão que transforma: o cuidado do SUS às pessoas com deficiência

Isaac Borges tinha apenas 3 anos quando recebeu o diagnóstico de surdez bilateral, condição em que há perda severa ou total da audição nos dois ouvidos. Para ampliar as possibilidades de comunicação, precisou de um implante coclear — dispositivo eletrônico que reabilita a audição. Foi graças ao Sistema Único de Saúde (SUS) que o menino pôde, pela primeira vez, ouvir a voz da mãe e descobrir um novo universo de sons.

“Na época, o que mais chamava atenção e gerava preocupação é que ele não falava. A gente buscou pediatras, fonoaudiólogos e outros profissionais. Quando recebi o diagnóstico, foi um impacto muito grande. Eu deixei o emprego para cuidar dele. Hoje, com o auxílio do aparelho, meu filho ouve e fala o nome dele”, relata Cristiane Borges, mãe do Isaac.

A cirurgia foi realizada no Hospital Universitário de Brasília (HUB). Desde então, Isaac, hoje com 10 anos, é acompanhado pelo Centro Especializado em Audição e Linguagem (CEAL), referência no Distrito Federal e no Centro-Oeste. No local, a família também recebeu o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), além do acompanhamento para TDAH e epilepsia.

“Aqui entendemos que nossos filhos têm limitações que podem sim ser superadas. O acolhimento dos profissionais faz toda a diferença”, destaca Cristiane.

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Rede de apoio que fortalece famílias

A fonoaudióloga Daniela dos Santos, do CEAL, reforça a importância da parceria com os familiares:
“Cada avanço de uma criança é também uma vitória para nós. Criamos vínculos verdadeiros com as famílias, e essa parceria faz toda a diferença nos resultados.”

Histórias como a de Isaac se repetem em várias regiões do país. Em 2021, Davi Costa e seus pais deixaram Betim (MG) para continuar o tratamento em Brasília. Assim como Isaac, ele também foi diagnosticado com surdez bilateral profunda e recebeu implante coclear. Hoje, aos 7 anos, Davi é comunicativo e demonstra confiança em suas interações.

“O SUS representa esperança. Já passamos por clínicas particulares caras e sem resultados, mas aqui encontramos excelência, humanidade e acesso gratuito. Não conheço país no mundo que ofereça algo assim”, afirma Diego Costa, pai de Davi.

Tecnologia assistiva e inclusão escolar

Para apoiar a inclusão escolar, o SUS fornece recursos como o sistema de Frequência Modulada (FM), que transmite a voz do professor diretamente para o implante, sem interferências. Equipamentos de alto custo como esse são disponibilizados gratuitamente, garantindo condições adequadas para aprendizagem e alfabetização.

Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência

As trajetórias de Isaac e Davi são exemplos de como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Pessoa com Deficiência (PNAISPD) e a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) fortalecem a inclusão.

Atualmente, o Brasil conta com 375 serviços habilitados, entre Centros Especializados em Reabilitação (CER) e Oficinas Ortopédicas. Nos CER, equipes multiprofissionais oferecem diagnóstico, terapias, habilitação, reabilitação e fornecem tecnologias assistivas, como próteses, órteses e meios de locomoção adaptados.

Já as Oficinas Ortopédicas são voltadas à produção e adaptação de dispositivos que garantem maior autonomia às pessoas com deficiência. Além disso, a rede também contempla serviços odontológicos especializados, assegurando cuidado integral desde a Atenção Primária até os níveis de maior complexidade.

Um sistema que promove dignidade

Mais do que tratamentos médicos, o SUS oferece esperança, dignidade e perspectivas de futuro para milhares de famílias brasileiras. Com foco na inclusão e no cuidado integral, a rede pública de saúde reforça seu papel como instrumento de transformação social.