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Brasil estreia no Mundial masculino de vôlei com caminho facilitado e Bernardinho em busca de dupla de ponteiros

A seleção brasileira masculina de vôlei, terceira colocada no ranking mundial da Federação Internacional de Vôlei, entra em quadra neste domingo, a partir das 10 horas (com Sportv 2), contra a China, a 26ª da lista, em busca do quarto título do Campeonato Mundial — venceu em 2002, 2006 e 2010. O último pódio aconteceu em 2022, com o bronze. A competição mais importante da temporada começou na sexta-feira, nas Filipinas. Ao todo serão 66 partidas, entre Pasay e Quezon, até 28 de setembro.
Antes de começar o torneio, o Brasil já teve sorte: não cruzará com as maiores potências antes das semifinais.
A 21ª edição do torneio será disputada por 32 seleções, divididas em oito grupos de quatro. As duas melhores equipes de cada grupo avançarão para as fases eliminatórias.
Após o sorteio dos grupos e chaves, a seleção brasileira "ganhou" caminho facilitado. Está no Grupo H e também terá pela frente confrontos contra a Sérvia (12.ª do ranking) e República Tcheca (21.ª) na primeira fase.
Se avançar, o Brasil, que conquistou a medalha de bronze na Liga das Nações, há cerca de um mês, pegará os classificados do grupo A nas oitavas-de-final e depois nas quartas: Filipinas (82.ª), Irã (12.ª), Egito (23.º) ou Tunísia (43.º)
Somente nas semifinais, é que o Brasil poderia encarar times como os EUA, Eslovênia, Cuba, Bulgária ou Alemanha.
Revezamento na ponta
O Brasil, em plena renovação, voltou ao pódio de um grande evento depois de três anos. Na VNL, a seleção teve campanha com 13 vitórias e apenas duas derrotas. Terminou em primeiro lugar na fase de classificação, mas na fase final, teve problemas com a eficiência dos ponteiros.
Assim, o treinador Bernado Rezende, o Bernardinho, optou por levar cinco ponteiros e apenas um líbero, Maique (eleito o melhor na posição na VNL) entre os 14 inscritos para o Mundial — em cada competição há um limite diferente de inscritos. Para a VNL, ele tinha grupo com 16 jogadores e inscrevia 14 a cada partida, podendo ter mais peças no revezamento.
Nas quartas-de-final da VNL, primeiro jogo eliminatório, também contra a China, o Brasil venceu de virada por 3 a 1. Mas, Bernardinho disse que os "números não eram bons" e que os ponteiros "precisavam contribuir mais no sentido de pontuar". Nesta partida, Lucarelli teve 33,33% de eficiência no ataque e Lukas Bergmann, 21,74%.
No jogo seguinte, o Brasil perdeu para a Polônia por 3 a 0, e foi para a disputa do bronze. Os ponteiros não passaram da marca dos 5 pontos. O melhor na posição foi Arthur Bento, com 4 e 28,57% de eficiência.
Neste contexto de incertezas na posição, Arthur Bento pode ser uma grata surpresa. Criado nas categorias de base do Minas Tênis Clube, Arthur Bento, de 21 anos, disputará pela primeira vez o Mundial adulto.
— É o início de um ciclo olímpico, o time ainda está se descobrindo e se firmando. Todos têm características e níveis altíssimos e essa “disputa”, por assim dizer, nos faz melhores. Sigo aprendendo com eles diariamente e buscando evoluir — comentou Arthur Bento, ao GLOBO. — Está todo mundo com sangue no olho. Treinamos em alto nível e não nos damos ao luxo de nos acomodar. Nos ajudamos o tempo inteiro.
Na decisão pelo bronze da VNL, contra a Eslovênia, quando o Brasil fez 3 sets a 1, ele saiu do banco e se destacou com 73% de aproveitamento no passe, 7 pontos em 17 ações de ataque (41% no ataque) e mais dois pontos no bloqueio.
Ele viralizou na internet após empurrar Bernardinho, na beira da quadra, na comemoração pelo pódio na VNL. Perguntado sobre o episódio, ele disse que "teve a sensação que exagerou um pouco na força da empurrada". Segundo o jogador, Bernardo não comentou nada depois.
— Estava com a adrenalina alta na hora para entender. Foi uma vibração, faria com qualquer outro jogador que estivesse ali. Bernardo gosta dessa vibração e quer essa vontade dentro de quadra. Na seleção, tivemos muitos comentários, galera zoando e dizendo que estamos convivendo demais com ele (risos). — disse Arthur, que, como caçula do time tem funções como levar as roupas dos atletas para lavar, separar as peças limpas e entregá-las nos quartos. — Eu também conto os atletas no ônibus. Somos um grupo muito amigo, resenhamos muito e pergunto tudo que preciso para os mais velhos.
Filho da ex-jogadora Adriana Bento, o ponteiro tem 2,08 metros e começou sua carreira no vôlei canadense. É que o pai, o ex-nadador de seleção Maurício Buczmiejuk, recebeu uma proposta de emprego no Canadá e levou a família. Arthur jogou futebol, como zagueiro.
O vôlei surgiu quando ele tinha nove anos. Disputou alguns torneios de praia e de quadra, ainda no ambiente escolar. Até que veio uma chance de treinar no Minas, em 2019. Arthur foi capitão da seleção Sub-21 e na próxima temporada defenderá o Modena, da Itália.
— Falamos de vôlei, claro, mas muito de vida também. Ela me dá muitos conselhos, é uma eterna aluna do voleibol e sempre me pergunta sobre minhas decisões dentro e fora de quadra. Para esse Mundial, me disse: "cabeça boa, confiança e jogue feliz!".
Na preparação para o Mundial, o Brasil fez amistosos contra a França (perdeu os dois) e disputou o torneio amistoso Hubert Wagner Memorial (derrotou a Sérvia e os poloneses e perdeu para a Argentina). Também contra os argentinos, o time de Bernardinho ganhou um jogo-treino, além de ter perdido para a Polônia em partida de exibição.
— Foi uma boa preparação. Fizemos jogos duríssimos, testes importantes e pudemos rodar todos os jogadores. A equipe teve altos e baixos, não foi regular como esperávamos. Mas é um processo de construção mesmo. A rapaziada está bem, animada e fisicamente bem. O Alan, que vinha em dúvida, fez dois sets no amistoso contra a França e está apto para o Mundial. É muito importante tê-lo no time como opção. Temos uma dupla de opostos interessante — disse Bernardinho. — Nas pontas, estamos rodando todo mundo e vamos ver qual dupla acabará contemplada.
Os 14 inscritos:
Levantadores: Brasília e Cachopa
Opostos: Alan, Chizoba e Darlan
Ponteiros: Adriano, Arthur Bento, Honorato, Lucarelli e Lukas Bergmann
Centrais: Flávio, Judson e Matheus Pinta
Líbero: Maique