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Veja as ações de Bolsonaro consideradas como tentativas de coagir o STF

Tentativa de coação consta na decisão judicial que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente

Por Agência O Globo - 06/08/2025
Veja as ações de Bolsonaro consideradas como tentativas de coagir o STF
Bolsonaro (Foto: Divulgação)

O ministro , do Supremo Tribunal Federal (STF), considerou que o ex-presidente (PL) agiu para coagir a Corte. A tentativa de coação consta na decisão judicial que determinou a prisão domiciliar do ex-mandatário, nesta segunda-feira.

O magistrado afirma, na decisão, que Bolsonaro incorreu em dois crimes: de "obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa" e de obstrução de Justiça por "coação no curso do processo".

De acordo com Moraes, o ex-presidente "demonstrou claramente que manteve a conduta ilícita de tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça". O ministro também destacou que Bolsonaro participou remotamente de atos em que foram usadas “bandeiras os Estados Unidos da América, com apoio às tarifas impostas ao Brasil para coagir o Supremo Tribunal Federal".

A aproximação com os Estados Unidos por meio da troca de mensagens nas redes com o presidente Donald Trump, que vem reforçando ataques ao Judiciário, o envio de R$ 2 milhões ao deputado federal Eduardo Bolsonaro e a movimentação do parlamentar nos EUA buscando retaliações a autoridades brasileiras foram usados como argumentos para a operação que teve Bolsonaro como alvo no mês passado.

“As ações de Jair Messias Bolsonaro demonstram que o réu está atuando dolosa e conscientemente de forma ilícita, conjuntamente com o seu filho Eduardo Nantes Bolsonaro, com a finalidade de tentar submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado estrangeiro, por meio de atos hostis derivados de finalidade de coagir essa Corte no julgamento da AP 2.668/DF”, escreveu Moraes, em referência à ação em que Bolsonaro é réu por liderar uma tentativa de golpe após derrota nas eleições de 2022.

Carta de Trump

Donald Trump enviou carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na qual, enquanto atacava o Judiciário e defendia Bolsonaro, anunciou tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir deste mês. O texto começa com uma referência direta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, opositor de Lula, por tentativa de golpe de estado, classificado pelo americano como uma "caça às bruxas".

Para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a imposição de tarifas tem o objetivo de pressionar o Judiciário no andamento do processo da trama golpista.

Pressão por anistia

Após o anúncio do tarifaço, Bolsonaro divulgou nota nas redes sociais na qual diz que “o alerta foi dado, e não há mais espaço para omissões”. Ele pediu que os Poderes “ajam com urgência apresentando medidas para resgatar a normalidade institucional”. Em entrevistas, condicionou a suspensão da sobretaxa à concessão de anistia para os acusados da trama golpista.

Ataques à Corte

Na Câmara dos Deputados, Bolsonaro exibiu a tornozeleira eletrônica e fez um pronunciamento com críticas ao Supremo. O episódio foi postado nas redes por aliados. ”Não roubei os cofres públicos, não desviei recurso público, não matei ninguém. É um símbolo da máxima humilhação. Estou aqui porque sou inocente. É uma covardia com um ex-presidente da República”, disse ele na ocasião.

Participação remota em atos

O ex-presidente participou, por telefone, de atos no Rio e em São Paulo contra o STF e a favor da anistia aos envolvidos na trama golpista. O vídeo foi postado por Flávio Bolsonaro, mas apagado horas depois. Em uma breve fala, reproduzida por viva-voz no ato no Rio, Bolsonaro disse: “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”.

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