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Banco Central divulga ata do Copom que manteve Selic a 15%

Por Agência O Globo - 05/08/2025
Banco Central divulga ata do Copom que manteve Selic a 15%
Banco Central (Foto: Foto: Marcello Casal Jr)

O Banco Central publicou nesta terça-feira a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada. Na ocasião, o colegiado manteve a taxa Selic em 15% ao ano, oficializando a pausa no ciclo de alta de juros. O nível atual é o maior desde julho de 2006.

No comunicado divulgado após a decisão, o BC sinalizou que pretende optar pela manutenção em 15% também no próximo Copom, em setembro. O colegiado usou, no entanto, uma expressão inovadora e disse que antecipa a "manutenção da interrupção" do ciclo de alta de juros. Na visão de economistas, a escolha de palavras, combinada com outros sinais do BC, mostram que o Copom quer tentar jogar para frente as expectativas do mercado de corte de juros, sobretudo ainda este ano.

"O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta", disse, no comunicado.

O BC ainda repetiu que "seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado".

No comunicado, o Copom também se pronunciou sobre o tarifaço aplicado pelo governo de Donald Trump aos produtos brasileiros. A medida havia sido oficializada durante a reunião do comitê. A menção à sobretaxa de 50%, no entanto, foi breve e ajudou a reforçar a mensagem de cautela com os juros em meio a um ambiente de elevada incerteza.

"O Comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza", disse o BC, completando que também acompanha os desenvolvimentos do cenário fiscal local.

"O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado", avaliou.

O BC também foi cauteloso com a avaliação sobre a atividade econômica. O Copom reconheceu uma "certa moderação no crescimento" brasileiro, considerada uma condição fundamental para a inflação convergir para a meta de 3,0%. Mas frisou que está acontecendo em linha com o esperado. Além disso, destacou que o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo.

As projeções oficiais de inflação do Copom ainda estão distantes da meta. A estimativa é de 4,9% para 2025, 3,6% para 2026 e 3,4% para o primeiro trimestre de 2027, atualmente o prazo com o qual o BC trabalha para alcançar seu objetivo de controlar a inflação.

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