Saiba como o sarampo é transmitido e entenda a evolução dos sintomas
O sarampo é conhecido por ser uma das doenças infecciosas mais transmissíveis da medicina.

Em novembro de 2024, o Brasil reconquistou o certificado de eliminação do sarampo, perdido em 2019 após um surto que atingiu diversos estados. No entanto, mesmo com esse avanço, o risco de reintrodução da doença continua real, especialmente em um mundo globalizado, onde viagens internacionais e fluxos migratórios expõem o país a novos casos.
O sarampo é conhecido por ser uma das doenças infecciosas mais transmissíveis da medicina. Em comunidades com cobertura vacinal insuficiente, um único caso pode gerar um surto em poucos dias.
Neste artigo, explicamos como o vírus do sarampo é transmitido, quais os principais sintomas e como se proteger — com base em fontes médicas confiáveis e especialistas da área.
O que é o sarampo?
O sarampo é uma infecção viral altamente contagiosa, causada por um vírus do gênero Morbillivirus, que afeta exclusivamente seres humanos. Como não existe reservatório animal, a doença poderia ser erradicada mundialmente por meio da vacinação em massa.
Ainda hoje, o sarampo é uma das principais causas de morte evitável entre crianças pequenas em países com baixa cobertura vacinal. No Brasil, a vacina está disponível gratuitamente pelo SUS.
Como ocorre a transmissão do sarampo?
A transmissão acontece via gotículas respiratórias — basta uma pessoa infectada falar, tossir ou espirrar perto de outras para espalhar o vírus no ambiente. O sarampo é tão contagioso que, em um grupo de 10 pessoas não vacinadas, até 9 podem ser infectadas após contato com alguém doente.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice de contágio do sarampo pode chegar a 18 pessoas por caso. Para comparação, no auge da Covid-19, o SARS-CoV-2 apresentava uma taxa de transmissão média de 3 a 5 pessoas por infectado.
O vírus pode sobreviver por até duas horas no ar ou em superfícies contaminadas, o que amplia ainda mais o risco de disseminação em locais fechados.
Quais são os sintomas do sarampo?
O sarampo apresenta uma progressão bem definida, dividida em fases:
1. Período de incubação (6 a 21 dias):
Após o contato com o vírus, a pessoa infectada não apresenta sintomas visíveis. É o momento em que o vírus se multiplica no organismo.
2. Fase pródromica (2 a 4 dias):
Sintomas iniciais parecidos com os da gripe:
Febre alta (acima de 38,5°C a 40°C)
Coriza
Tosse seca
Conjuntivite
Mal-estar geral
Nesse período, também podem surgir manchas de Koplik, pequenas lesões brancas na mucosa bucal, consideradas sinais clássicos do sarampo.
3. Fase exantemática:
Surge entre o terceiro e quinto dia após o início da febre. Caracteriza-se por manchas vermelhas (exantema) que aparecem inicialmente no rosto e atrás das orelhas, espalhando-se pelo corpo em direção aos pés. Palmas das mãos e plantas dos pés geralmente não são afetadas.
4. Recuperação:
Em casos sem complicações, os sintomas começam a regredir em até cinco dias após o aparecimento das manchas. A febre diminui, o exantema escurece e pode haver leve descamação da pele.
⚠️ Alerta importante: A transmissão ocorre desde quatro dias antes até quatro dias após o surgimento das manchas. Ou seja, o paciente pode infectar outras pessoas mesmo antes de saber que está com sarampo.
Quais são as possíveis complicações?
Embora a maioria dos casos seja autolimitada, o sarampo pode causar complicações graves, especialmente em crianças menores de cinco anos, idosos e pessoas com sistema imunológico comprometido.
Entre as complicações mais comuns estão:
Pneumonia viral ou bacteriana
Otite média aguda
Diarreia intensa
Laringite grave
Desnutrição
Casos mais severos podem evoluir para condições neurológicas raras, mas fatais:
Panencefalite esclerosante subaguda: doença degenerativa do sistema nervoso central, que pode surgir anos após a infecção inicial.
Encefalomielite disseminada aguda: inflamação aguda do cérebro e medula espinhal.
Como se proteger: o papel da vacinação
A vacinação é a principal e mais eficaz forma de prevenção contra o sarampo. A vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) é aplicada gratuitamente pelo SUS e indicada da seguinte forma:
Crianças:
1ª dose aos 12 meses
2ª dose aos 15 meses (tetra viral)
Adolescentes e adultos até 29 anos:
Duas doses, com intervalo mínimo de 30 dias
Adultos entre 30 e 59 anos:
Uma dose
A imunidade conferida pela vacina é geralmente vitalícia, desde que o esquema vacinal tenha sido completado.
Quem deve evitar a vacina?
A vacina, por conter vírus vivos atenuados, é contraindicada para:
Pessoas com imunossupressão severa
Pacientes em tratamento com quimioterapia
Gestantes (exceto em casos especiais, sob orientação médica)
Essas pessoas dependem da proteção coletiva – a chamada imunidade de rebanho, que só é eficaz com uma cobertura vacinal acima de 95%.
E quem vai viajar?
Antes de viagens internacionais, é recomendável:
Verificar se o destino tem casos ativos ou surtos de sarampo
Garantir que todas as pessoas da viagem estejam com o esquema vacinal completo
Tomar a vacina com pelo menos duas semanas de antecedência
Se a viagem for urgente e a pessoa ainda não tiver sido vacinada, mesmo uma única dose já oferece proteção parcial de até 93%.
Este conteúdo tem caráter exclusivamente informativo, não devendo ser utilizado como diagnóstico médico; consulte sempre um profissional de saúde qualificado caso tenha algum sintoma.
Fonte Einstein Hospital Israelita