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A três dias do tarifaço, falta de diálogo com Trump faz adiamento ser visto praticamente como inviável pelo governo Lula
Nos EUA, chanceler espera aceno da Casa Banca para conversa na capital americana

A falta de comunicação com os Estados Unidos reforça a percepção, do lado do Brasil, que a sobretaxa de 50% sobre as exportações de produtos brasileiros para o mercado americano vai mesmo vigorar a partir da próxima sexta-feira. Até o momento, as negociações entre os dois países se mantêm travadas, sem perspectiva de avanço.
Entre os países atingidos pelo "tarifaço" dos EUA, o Brasil é o único que tem déficit comercial com aquele país e, mesmo assim, terá uma elevada sobretaxa de 50% sobre seus produtos.
Ao anunciar a medida no início deste mês, o presidente americano, , apontou três justificativas: a "perseguição" ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Judiciário brasileiro; a regulação das grandes empresas de internet pelo Supremo Tribunal Federal (); e a existência de um saldo favorável ao Brasil, o que não é verdade.
Desde o anúncio de Trump e sua intenção de interferir em assuntos internos do Brasil, várias tentativas de contatos com o governo americano foram feitas, sem resultado. A única exceção foi uma conversa telefônica, há pouco mais de uma semana, entre o vice-presidente e o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, cujo conteúdo não foi relevado.
Veja no infográfico abaixo as principais mudanças tarifárias que os EUA devem aplicar aos seus parceiros comerciais:
No fim de semana, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou em Nova York, para participar de uma reunião da ONU sobre a situação na Palestina. O chanceler do presidente Luiz Inácio da Silva fez chegar ao governo americano que estaria disposto a ir até Washington, para um encontro de alto nível com o chefe da diplomacia daquele país, Marco Rubio, ou o representante comercial da Casa Branca, Jamieson Greer. Não houve resposta.
Mauro Vieira voltará ao Brasil na tarde desta terça-feira. Na parte da manhã, o chanceler terá encontros bilaterais com autoridades da Jordânia, do Senegal e da Palestina. Segundo interlocutores, o governo brasileiro deixou claro que o contato com Vieira poderia ser presencial, por telefone ou por videoconferência.
Também está nos EUA uma missão de senadores brasileiros com o objetivo de ajudar a destravar as negociações. Até o momento, a expectativa é que eles se reúnam com empresários e parlamentares americanos.
As incertezas sobre o que vai acontecer na sexta-feira ficaram maiores com a falta de informações da Casa Branca. Trump afirmou, na segunda-feira, que os países que ainda não fecharam acordos com os EUA ficarão com tarifas de até 15%. Mas não esclareceu se o Brasil entraria nessa lista.
Se depender do governo brasileiro, as negociações com os EUA devem ter como foco a questão comercial. No entanto, o mandatário americano deixou claro que o tratamento dado a Bolsonaro — sobre o qual pesa a acusação de tentativa de golpe de Estado — terá de ser discutido.
Os EUA também devem insistir em um acordo para o fornecimento dos chamados materiais críticos e estratégicos pelo Brasil. Foi o que ficou acertado com a Indonésia, por exemplo. Elementos como o Lítio, o Nióbio e terras raras são fundamentais na disputa com a China pelo domínio tecnológico.