Câmeras revelam passo a passo de atentado contra herdeiro do jogo do bicho no Rio

Imagens obtidas com exclusividade pela TV Globo mostram criminosos monitorando Vinícius Drumond dois dias antes da emboscada na Barra

Por Agência O Globo - 21/07/2025

Câmeras de segurança captaram os primeiros movimentos de um atentado cuidadosamente planejado para matar Vinícius Drumond, herdeiro do bicheiro Luizinho Drumond. As imagens, obtidas com exclusividade pelo Fantástico, da TV Globo, mostram que a tentativa de homicídio registrada no dia 11 de julho, na , foi precedida por uma operação de vigilância detalhada, iniciada dois dias antes, e articulada por um grupo com experiência tática e ligação com a segurança pública.

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Orla Bardot:

Segundo a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), o crime envolveu ao menos quatro homens armados com fuzis, dois deles com histórico nas forças de segurança. Um dos suspeitos, Deivyd Bruno Nogueira Vieira, conhecido como Piloto, ex-policial militar expulso da corporação, foi preso neste sábado em Nova Iguaçu. Outros três seguem foragidos, entre eles o PM da ativa Luís César da Cunha, do 15º BPM.

As câmeras de um shopping na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, registraram Piloto pagando o estacionamento dois dias antes do atentado. Para a polícia, ele estava em missão de reconhecimento: monitorava a rotina de Vinícius Drumond, que frequentava uma academia no centro comercial. A polícia conseguiu rastrear todos os passos do grupo por meio de imagens de vigilância e de trânsito, tanto no Rio quanto em cidades da Baixada Fluminense.

Dois dias depois, na manhã do atentado, por volta das 6h, dois suspeitos, incluindo o PM Cunha, foram filmados numa padaria em Duque de Caxias. Minutos depois, seguiram em um carro branco até a Barra. Mais tarde, um segundo veículo, um Honda HR-V azul, estaciona nas proximidades do shopping, com os executores armados à espera da vítima.

Às 10h55, Vinícius deixa a academia dirigindo seu Porsche Taycan Turbo blindado, avaliado em mais de R$ 1 milhão, seguido por seguranças. Os criminosos iniciam então uma perseguição que culmina, às 11h02, em uma tentativa de execução em plena Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, uma das vias mais movimentadas da cidade. O carro do contraventor foi alvejado por mais de 30 disparos de fuzil. Apesar da intensidade dos tiros, Vinícius sofreu apenas ferimentos leves causados por estilhaços.

— O veículo dele tinha uma blindagem bastante forte, que segurou a maioria dos disparos. Mas ainda assim, alguns penetraram a blindagem. Possivelmente ele não foi atingido pela posição de direção dele. Uma vez que o banco estava um pouco recuado e ele, além da blindagem, tinha proteção na barra lateral do veículo, pode ter garantido que os projetos que atravessaram a blindagem não o atingissem — relatou o delegado Leandro Costa, da DHC, ao Fantástico.

Após o ataque, os bandidos fugiram até Guaratiba, também na Zona Oeste, onde abandonaram o veículo usado na ação. O carro estava preparado para o crime, com buracos no vidro dianteiro para encaixe de fuzis. Em seguida, o grupo sequestrou uma senhora e a obrigou a levá-los até Nova Iguaçu. Uma câmera de posto de gasolina registrou o veículo da mulher sequestrada horas depois, antes que os criminosos embarcassem em outro automóvel da quadrilha.

— Para ela foi uma situação extremamente traumática, que, ao mesmo tempo, demonstrou o profissionalismo dos executores, porque eles tiveram a preocupação de mantê-la calma. A todo momento, eles diziam que o único objetivo deles era que ela os tirassem do local do crime. Ela, de fato, passou por uma situação muito complexa. Com quatro indivíduos com capuz, luvas, armas, bombas, que cercearam a liberdade dela e a obrigaram a conduzi-los até o ponto em que foram resgatados — complementa o delegado.

A polícia identificou ao menos quatro envolvidos no atentado. Além de Piloto e do PM Cunha, são procurados Adriano Carvalho de Araújo e Rafael Ferreira Silva, o Cachoeira, este último com passagem por sequestro e apontado como integrante do grupo de Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho.

— Dos quatro identificados até o momento, dois, como eu disse, já tem um vínculo antigo com uma determinada organização que é sediada em Caxias e que atua em diversos homicídios, dentre eles o homicídio do advogado — conta o delegado, se referindo a Rodrigo Marinho Crespo, assassinado em fevereiro de 2024 em frente à sede da OAB, no Centro do . Ele trabalhava para sites de apostas.

Com a tentativa de execução à luz do dia, a alerta para a escalada de uma nova guerra entre grupos da contravenção.

— O estado do Rio de Janeiro, historicamente, foi palco de diversas cenas de violência, cenas emblemáticas, espetaculosas, até, de homicídios que vão desde automóveis explodidos até crimes praticados à luz do dia, na saída de academias, em hotéis. Então, essas guerras e esses grupos que guerreiam entre si, que disputam poder, que disputam poder econômico, procuram, quando possível, uma harmonia. Vivem ali uma espécie de guerra fria, de tensões e respeito mútuo. Mas, por vezes, essa harmonia é quebrada por algum tipo de conflito, e eles começam a se matar. A polícia vai continuar trabalhando para identificar os demais executores, o mandante, e levar todos à Justiça — pontuou o delegado.

Três suspeitos são procurados

O Disque Denúncia (2253-1177) divulgou um cartaz para pedir informações que levem à localização e prisão dos três suspeitos que seguem foragidos. Adriano de Carvalho de Araújo, Luiz César da Cunha, policial militar da ativa, e Rafael Ferreira da Silva, vulgo “Cachoeira” são os principais suspeitos de envolvimento na tentativa de homicídio contra o Drumond.

A Delegacia de Homicídios (DHC) já prendeu o quarto suspeito. Deivyd Bruno Nogueira Vieira, vulgo “Piloto”, de 38 anos, foi localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Além do cumprimento do mandado de prisão temporária expedido a partir da investigação da DHC, ele também foi autuado em flagrante por porte de arma de uso restrito, já que portava uma pistola calibre 9mm sem autorização.