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Jaé: a menos de um mês para o fim da migração para o sistema, o que você deve saber sobre o novo cartão da prefeitura
A partir de 2 de agosto, daqui a 25 dias, apenas o Jaé será aceito em ônibus e vans municipais, BRT, VLT e “cabritinhos”

Depois de concluída a primeira fase de implantação do Jaé — com a obrigatoriedade do uso do novo cartão para quem tem direito à gratuidade a partir de sábado passado —, a contagem regressiva agora é para o ponto crucial da nova bilhetagem eletrônica, que promete dar transparência ao transporte público municipal. A partir de 2 de agosto, daqui a 25 dias, apenas o Jaé será aceito em ônibus e vans municipais, BRT, VLT e “cabritinhos”. Até lá, a prefeitura promete manter postos com atendimento ampliado para amenizar o sufoco dos passageiros, mas filas ainda são uma realidade.
Carnaval 2026:
Após capotamento de van:
Até o momento, de acordo com a Secretaria municipal de Transportes (SMTR), há cerca de 2,8 milhões de usuários cadastrados no sistema do Jaé, dos quais 1,2 milhão com direito à gratuidade. O governo não informou, no entanto, quantos ainda precisam pedir o novo cartão.
Dois milhões ainda fora
Dados do Painel do Sistema de Bilhetagem Digital do Jaé, da SMTR, mostram que quinta-feira passada, último dia útil disponível para a checagem, 2,6 milhões de viagens foram feitas nos modais municipais com uso de bilhetes — das quais 596,3 mil (23%) com o Jaé. Cerca de dois milhões de viagens diárias ainda precisariam migrar para o novo sistema.
Márcio D’Agosto, professor titular do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, observa que os principais desafios para que a maior parte do público migre para o Jaé estão ligados a recursos tecnológicos, humanos e materiais, para evitar problemas diante de um grande volume de procura. Entraves fizeram com que essa transição total do Riocard para o Jaé, implantado em 2023, já fosse adiada quatro vezes.
— Não dá para saber se vai ser adiado de novo. Mas, se esses recursos que mencionei não forem garantidos e ainda tiver muita gente sem acesso ao novo sistema, deve atrasar, não tem jeito — diz D’Agosto.
Enquanto a transição completa não ocorre, usuários seguem à procura de atendimento nos postos do Jaé. Ontem, feriado municipal decretado por conta da Cúpula do Brics, a maior parte das unidades da prefeitura funcionou em horário reduzido, como a instalada no Terminal Gentileza, no Caju. Mais de 50 pessoas — muitos idosos e universitários — aguardavam em pé, numa fila que fazia curva no segundo andar, antes da abertura, às 9h. Usuários reclamaram da mudança do horário, porque nos dias de semana as portas abrem às 7h.
— Nessa hora, foi como se tivesse aberto a porteira. As pessoas que chegaram primeiro acabaram sendo as últimas. Cheguei às 7h30 e ainda teria que ir para Maricá, mas desmarquei a ida — contou o corretor de imóveis Francisco Rogério Maia Costa, de 78 anos. — A sensação é de revolta.
Depois de distribuir senhas e da abertura do posto às 9h, funcionários começaram a chamar os usuários em grupos de dez pessoas. A diarista Rosane Maria Melo Jerônimo, de 66 anos, que mora em Duque de Caxias e trabalha em Botafogo, conta que pegou emprestado o Riocard de seu filho enquanto não consegue checar se seu cartão Jaé está pronto. Como tem mais de 65 anos, bastaria apresentar a carteira de identidade para embarcar, mas a diarista explica que nem sempre os motoristas abrem a porta.
— O idoso é discriminado — afirmou Rosane.
Aumento no fim de semana
Desde o último sábado, beneficiários da gratuidade (idosos, estudantes, doentes crônicos e pessoas com deficiência) não podem mais usar o Riocard em meios de transporte municipais. Segundo balanço divulgado pela prefeitura, este fim de semana registrou 625 mil viagens com o Jaé, número 42% maior que o registrado no fim de semana anterior. De acordo com dados do sistema da SMTR, no dia 28 — último sábado em que o Riocard podia ser usado por quem tem direito à gratuidade —, 1,5 milhão de passageiros acessaram os meios de transporte da cidade, dos quais 278 mil (18,5%) utilizaram o Jaé. Essa parcela aumentou no sábado passado, quando 434,3 mil usuários (29%) passaram o novo cartão nas catracas, de um total de 1,5 milhão de passageiros.
A empregada doméstica Cecília França do Nascimento, que mora em Ramos e trabalha em Botafogo, é uma das que aguarda seu cartão para migrar para o Jaé. Há um mês, ela pediu seu bilhete pelo aplicativo e conta que ainda não o recebeu.
— A gente fica receosa porque o cartão pode não chegar. Como vou tirar do meu dinheiro para pagar passagem? Tem que ter uma solução. Para pobre, já viu, né? Tudo demora — desabafa.
A prefeitura ressalta que não é preciso ter o cartão físico para usar o Jaé nos meios municipais e afirma que reforçou o atendimento para “garantir uma transição tranquila”. A orientação do município é que os usuários priorizem os superpostos (Campo Grande, Cidade Nova, Deodoro e Engenho de Dentro) e o atendimento on-line.
Quem usa os transportes administrados pelo estado — ônibus intermunicipais, barcas, metrô e trens — deve usar o Riocard. Os beneficiários do Bilhete Único Intermunicipal (BUI), com desconto concedido a pessoas com renda de até R$ 3,2 mil, podem passar o Riocard nos transportes municipais apenas quando estiverem fazendo a integração com um modal estadual.
O que é preciso saber sobre o novo cartão
1 - Formato digital ou físico
O Jaé pode ser usado em formato digital ou de cartão físico. Veja as modalidades:
Cartão digital: pode ser baixado gratuitamente pelo aplicativo Jaé. A prefeitura orienta que o usuário baixe a versão mais atualizada do app.
Cartão físico com entrega em casa: solicitado via aplicativo, com taxa de entrega de R$ 7,95. É gratuita apenas para pessoas com mais de 65 anos.
Cartão físico em loja: pode ser retirado em uma das 15 lojas da cidade após 72 horas da solicitação, segundo a prefeitura.
2 - Compra ou retirada
Onde ficam os postos de atendimento do Jaé: Centro, Botafogo, Barra da Tijuca, São Cristóvão, Engenho de Dentro, Ilha do Governador, Madureira, Pavuna, Taquara, Deodoro, Padre Miguel, Campo Grande, Santa Cruz, Guaratiba. Confira os endereços no site: https://jae.com.br/onde-estamos/
Cartão avulso: disponível em máquinas de autoatendimento (ATM) nas estações do VLT. Neste caso, o valor carregado fica vinculado ao cartão, e não ao CPF. Este cartão é destinado, principalmente, a turistas.
3 - Integração com o Jaé
O Jaé garante as mesmas regras do Bilhete Único Carioca: pague apenas uma tarifa até três embarques consecutivos no mesmo sentido em até três horas, desde que uma das viagens seja no BRT. Sem o BRT, o limite é de duas viagens. A integração vale apenas para os transportes municipais (ônibus, BRT, VLT e vans). Modais estaduais (trem, metrô, barcas, ônibus intermunicipais) continuam com o Riocard.
4 - Bilhete Único Intermunicipal
As regras permanecem inalteradas. Usuários já habilitados no sistema continuarão utilizando o cartão Riocard em seus deslocamentos. Os validadores do Riocard seguirão funcionando para esse público nos modais municipais a fim de garantir a integração.
5 - Saldo no Riocard
O saldo do Riocard não é transferível para o Jaé. O recomendado é que o usuário utilize o saldo atual do Riocard até o dia 2 de agosto, quando o Jaé passará a ser o único meio aceito nos transportes municipais.