Cantor do Måneskin, Damiano David muda estilo em carreira solo: ‘Eu não tinha uma ideia de como minha nova música ia soar’

Astro italiano, que protagonizou cenas quentes em clip com cantora Anitta, é fenômeno recente do rock internacional

Por Agência O Globo - 06/07/2025

Em novembro de 2023, quando esteve no Brasil pela última vez, em turnê com o Måneskin (o mais bem-sucedido grupo de rock a aparecer no cenário internacional nos últimos anos), o cantor Damiano David deu algumas dicas do que estava por vir.

— Estamos interessados no que gostamos de fazer e, por acaso, isso parece rock — disse, provocador, ao GLOBO, no camarim do Qualistage, no Rio. — Não estamos realmente focados em trazer de volta um gênero musical ou ser comparado às bandas do passado. Estamos apenas fazendo a música de que gostamos.

Incensado, por aqueles dias, como o objeto sexual que a estrela brasileira Anitta tinha convidado para estrelar com ela o clipe da música “Mil veces”, o italiano dava de ombros para o que o povo dizia sobre ele.

Exatamente como agora, quando, aos 26 anos de idade, acaba de lançar seu primeiro álbum solo, “Funny little fears”. Um disco pop até a medula, que ele vem mostrar no Brasil em show único (dia 7 de novembro, em São Paulo, no Tokio Marine Hall), e que foi feito ao longo de seis meses em Los Angeles, com alguns dos compositores do primeiro time da indústria — gente que costuma produzir canções de encomenda para nomes como Maroon 5, John Legend e Benson Boone.

— Era algo de que eu precisava, uma mudança de ambiente para florescer criativamente, um novo terreno para trabalhar — diz Damiano, em entrevista ao GLOBO por Zoom. — Passei os primeiros meses decidindo com quem iria trabalhar, mas, então, quando encontrei um grupo de pessoas com quem me sentia confortável, no qual eu sentia que poderia confiar, ficou extremamente fácil.

E ele fez logo umas 70 canções (“algumas dessas músicas não são lá as melhores, então eu diria que tinha material para dois álbuns, só não sei se vou lançar mais um com elas”, avisa), e o resultado foi um disco bem variado. Estão lá faixas como o folk de tons épicos “Next summer”, a intensa balada de piano “Silverlines” (produzida por Labirinth), os rocks leves de sabor indie “Zombie lady” e “Born with a broken heart” e a agitada e emotiva “The first time” (que chegou ao topo da parada de músicas virais do Spotify Brasil).

Assim como Harry Styles

Bem buriladas (especialmente nos refrãos), evidenciando o canto ao mesmo tempo elegante e eletrizante de Damiano (com muitas letras confessionais, sobre os seus medos), as faixas de “Funny little fears” dão a sensação de que o italiano, assim como inglês Harry Styles pós-grupo One Direction, achou o seu disco pop na medida para reinar sobre o mundo. Mas ele diz que nem pensou nisso.

— Sinceramente, eu não tinha nada específico em mente quando comecei esse disco. Tudo o que eu sabia é que queria me concentrar nas letras, eu não tinha uma ideia de como essa minha música não Måneskin iria soar — jura. — A minha sorte é que tive muito tempo e poucas expectativas, então pude explorar diferentes tipos de música. Fiz o que me pareceu natural e acabei escolhendo as músicas de que mais gostei.

Sobre os show no Brasil, país no qual ele se sente “em casa” (“como italianos, temos uma boa ligação com vocês, nossas culturas são parecidas em muitas coisas”), Damiano adianta que quer cantar ao menos uma canção em português (em 2023, com o Måneskin, ele foi de “Exagerado”, de Cazuza). O Brasil faz parte de uma longa turnê solo, que até dezembro passa por cidades de vários continentes (de Seul e Varsóvia a Sydney e Seattle). Enquanto a baixista do grupo, Victoria De Angelis, também se dedica a uma carreira solo (fazendo todo tipo de dance music eletrônica, inclusive funk brasileiro, com ajuda de Anitta, na faixa “Get up bitch! shake ya ass”), Damiano David aproveita para adiar a inevitável volta ao Måneskin:

— Depois da turnê, com certeza eu vou descansar por um tempo e só aí então vou pensar no que fazer da vida. Preciso desligar um pouco!