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Milei enfrenta segunda greve geral em apenas cinco meses de mandato

Pela primeira vez na história, o governo argentino enfrenta duas grandes greves em menos de um ano de mandato

Por Metrópoles 09/05/2024
Milei enfrenta segunda greve geral em apenas cinco meses de mandato
Javier Milei (Foto: Foto: REUTERS/ Agustin Marcarian)

A Argentina vive nesta quinta-feira (9/5) a segunda greve geral desde o começo do mandato do presidente Javier Milei, em dezembro de 2023. Nunca na história do país um governo teve duas grandes paralisações em tão pouco tempo.

O país amanheceu paralisada. Não circulam ônibus, trens, metrôs, caminhões e aviões. Se circulassem, não teriam onde abastecer, já que os postos de gasolina não funcionam.

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) convocou uma greve contra o ajuste fiscal e as privatizações, além de pressionar o Senado a rejeitar a reforma trabalhista.

Bancos, escolas, lojas e supermercados estão na lista dos setores que aderiram à greve. Até mesmo os trabalhadores dos espetáculos pararam, suspendendo as sessões de cinema e de teatro. Nos hospitais, apenas serviços de emergência funcionam.


Recorde de greves

Com apenas cinco meses de governo, Milei enfrenta sua segunda greve geral. A primeira, em 24 de janeiro, fez dele o presidente argentino que mais rápido sofreu uma paralisação.

“Nosso governo teve duas greves gerais, duas greves de ônibus, duas greves de professores, uma greve de trens, uma greve de aeronáuticos e mais de 100 manifestações”, contabilizou o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, para alegar que havia intencionalidade política dos sindicatos contra um governo não peronista.

O estudante de medicina brasileiro Luis Paulo Flores, 18 anos, chegou à Argentina neste ano. O jovem conta à RFI que as paralisações podem afetar o ciclo letivo e levá-lo a ter de cursar o primeiro ano novamente.

“A greve me afeta porque não tenho aula e, mesmo que tivesse, não teria transporte. Os professores têm pedido ajustes salariais e no orçamento da Educação, mas não têm conseguido. Isso também tem afetado a qualidade do ensino. No fim do ano, não sei se poderei cumprir com o ano letivo devido à falta de carga horária. Talvez tenha de refazer o ano”, desabafa Luis Paulo

Outro ponto que afeta brasileiros é a greve no setor aéreo. Pelos cálculos oficiais, o cancelamento de 703 voos atinge 93 mil pessoas. Entre os turistas estrangeiros, os brasileiros ocupam o primeiro lugar. A Associação Latino-americana de Transporte Aéreo prevê perdas de U$ 62 milhões (R$ 320 milhões) entre as mais de 30 companhias aéreas.

A estatal Aerolíneas Argentinas, que o presidente Javier Milei quer privatizar, está no centro da greve. A principal companhia aérea do país cancelou 191 voos, afetando 24 mil passageiros e perdendo U$ 2 milhões (R$ 10 milhões).