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Morte no shopping: MP recomenda uso de câmeras corporais e Polícia Civil investiga caso
Comando Geral da PM também vai averiguar conduta de policiais envolvidos
A morte de José Bernardo Correia, de 45 anos, baleado por um policial militar após possível surto psicótico no Maceió Shopping levantou questionamentos no Ministério Púbico Estadual de Alagoas (MPAL). Nesta sexta-feira (26), o órgão recomendou o uso de câmeras corporais e armas não letais para evitar situações de riscos a vida em casos como esse. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso, no entanto, as investigações só devem acontecer na terça-feira (30).
O fato correu ontem (25) e de acordo com os militares que agiram na ação, a administração do shopping informou que ele aparentava estar em surto psicótico e havia causando uma confusão no local. Assim que receberam o chamado, o homem, que estava acompanhado da esposa e o filho de 4 anos foi retirado do estabelecimento e lavado para a área de estacionamento, onde ele teria retirado a arma de um dos policiais e para conter José Bernardo, outro policial atirou.
A vítima chegou a ser socorrida por uma unidade do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), mas não resistiu ao ferimento e morreu já internada no HGE. José Bernardo sofreu um tiro na coxa e com o impacto do disparo, o fêmur acabou sendo fraturado.
Diante da tragédia, a Polícia Civil instaurou inquérito para investigar o caso no mesmo dia do "incidente" e vai analisar os circuitos internos e externo de segurança do local.
"Tudo é muito inicial. As primeiras providências foram registrar o boletim de ocorrência, instaurar o procedimento policial e determinar que a equipe fosse ao shopping colher imagens das câmeras de monitoramento que tenham flagrado toda ação e intimar os seguranças particulares, que por ventura tenham tomado conhecimento dos fatos ou participado. A gente vai aguardar até a próxima terça feira (30)", disse o delegado Arthur César durante entrevista.
Mesmo com as investigações, o promotor de justiça, Magno Alexandre Moura, acredita que as circunstâncias devem ser levadas como um alerta para as próximas abordagens policiais em situações iguais ou parecidas. O promotor informou que o Ministério Público Estadual e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos já entram com a ação de recomendação dos equipamentos de proteção.
"Sem sombra de dúvidas há uma necessidade de implementação urgente das câmeras corporais por parte da Polícia Militar de Alagoas, das forças de segurança. Com isto, na primeira abordagem, no uso proporcional da força, a situação que se apresenta não se pode usar armas letais. Porque certamente a vida da pessoa vem a ser o bem maior atingido. Então, há necessidade de que se use primeiramente armas não letais. Demonstrando o quanto isso só ganha a população e a própria corporação, da transparência dos atos que são praticados para manter a ordem pública e resguardar o patrimônio e as vidas das pessoas", disse o promotor.
A Polícia Civil também afirmou que tanto os militares envolvidos na ocorrência quanto os seguranças e demais trabalhadores do shopping foram intimados para prestarem depoimento na segunda (29).
Em nota, o Comando Geral da Polícia Militar de Alagoas lamentou o corrido e reafirmou a questão do surto psicótico da vítima, no entanto, abriu um procedimento preliminar para averiguar a conduta dos militares envolvidos.
Apesar da polícia informa sobre a fratura no fêmur, o Hospital Geral do Estado (HGE), não se pronunciou sobre a causa da morte de José Bernardo Correia.
Confira na íntegra a nota envida pela PM:
O comando-geral da Polícia Militar de Alagoas lamenta profundamente o falecimento do indivíduo J.B.C.S., que entrou em surto psiquiátrico no Maceió Shopping, na tarde de quinta-feira (25), e acabou sendo atingido por um tiro de arma de fogo na perna, disparado por um dos policiais do 1º Batalhão, acionado para dar suporte à equipe do Serviço Móvel de Urgência (Samu) na contenção da vítima.
A Corporação comunica que já abriu procedimento preliminar para averiguar as ações adotadas pelos policiais militares durante a ocorrência, respeitando o contraditório e a ampla defesa dos envolvidos.
A Secretaria de Saúde do Estado (Sesau), por sua vez, informa que o paciente foi prontamente atendido pelo Samu, seguindo os procedimentos e protocolos para pessoas em surto ou agressão.
Após o atendimento pré-hospitalar, J.B.C.S foi encaminhado ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde recebeu toda assistência necessária.