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Gaza: 1,1 milhão de crianças correm risco de morrer por subnutrição
Alerta é do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef
Mais de 1,1 milhão de crianças na Faixa de Gaza estão correm o risco de morrer devido ao
aumento de doenças evitáveis e à falta de água e alimentos. A denúncia feita nesta sexta-feira (5)
é do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que pede mais ajuda e um cessar-fogo
humanitário.
Segundo a agência da ONU, a intensificação da guerra em curso entre Israel e o Hamas e a
subnutrição "aumentam o risco de um número crescente de mortes de crianças", sendo que
milhares já morreram no conflito.
A deterioração da situação traz preocupações quanto a subnutrição aguda e mortalidade
sobretudo de mais de 135 mil crianças com menos de dois anos e de mais de 155 mil mulheres
grávidas e lactantes, dadas as suas necessidades nutricionais específicas e vulnerabilidade, de
acordo com a organização.
"Quando combinadas e não tratadas, a subnutrição e as doenças criam um ciclo mortal. Há
evidências de que as crianças com nutrição e saúde precárias são mais vulneráveis a infecções
graves como a diarreia aguda", que, quando prolongada, coloca-as em "risco elevado de morte",
alertou o Unicef, em um comunicado divulgado hoje.
Lembrando que o conflito entre Israel e o Hamas destruiu sistemas essenciais de água,
saneamento e saúde na Faixa de Gaza e que as crianças e famílias deslocadas não conseguem
manter os níveis de higiene necessários para prevenir doenças, a agência admite que a falta de
água potável e saneamento "é alarmante".
Paralelamente, os poucos hospitais em funcionamento estão focados em responder ao elevado
número de feridos pelo conflito e não conseguem tratar adequadamente os surtos de doenças.
"Os casos de diarreia em crianças aumentaram 50% em apenas uma semana", informou o Unicef,
adiantando que os casos em crianças com menos de cinco anos de idade aumentaram de 48 mil
para 71 mil na última semana de dezembro – o que "equivale a 3,2 mil novos casos de diarreia por
dia –, alertou a organização.
"O aumento significativo de casos em tão pouco tempo é um forte indicador de que a saúde das
crianças na Faixa de Gaza está se deteriorando rapidamente", prosseguiu a agência da ONU,
lembrando que, antes da escalada das hostilidades, registrava-se uma média de 2 mil casos de
diarreia em crianças com menos de cinco anos por mês.
"Esta subida recente representa um aumento de cerca de 2000%" entre menores de cinco anos.
Por outro lado, 90% das crianças com menos de dois anos estão atualmente sujeitas a uma
situação de "pobreza alimentar grave", segundo o Quadro integrado de classificação da segurança
alimentar (IPC).
O IPC é um meio para classificar diferentes fases de situações de segurança alimentar, que inclui
cinco níveis: segurança alimentar geral, insegurança alimentar moderada/limitada, crise aguda de
alimentação e subsistência, emergência humanitária e fome/catástrofe humanitária.
"Desde que [o IPC] alertou para o risco de fome na Faixa de Gaza, no final de dezembro, o Unicef
constatou que um número crescente de crianças não consegue satisfazer suas necessidades
básicas de nutrição", informou a agência, indicando que nove em cada 10 crianças com menos de
dois anos consomem apenas dois ou menos grupos alimentares por dia, de acordo com um
inquérito realizado em 26 de dezembro.
A maioria das famílias afirmou que suas crianças só consomem cereais – como pão, por exemplo
– ou leite, o que corresponde à definição de "pobreza alimentar grave".