Junto com o nascer do sol a jornada tem início. Trabalhadores, foices e um canavial. Assim nasceu a indústria alagoana, de um processo todo manual desde o plantio à colheita com a intenção de trazer alimento tanto a mesa de quem consumia o produto final, quanto de quem estava nos canaviais debaixo do sol escaldante. Hoje o processo se modernizou, mas a intenção permanece: mover a economia do estado.
A história do estado se mistura com a atividade canavieira alagoana, já que ambas caminham juntas desde o princípio. A fundação dos engenhos Maranhão, Escurial e Buenos Aires, em meados do século XVI por Cristovão Lins, foi o estopim inicial para a ampliação da produção canavieira e início da indústria sucroalcooleira.
Com o passar dos anos, o setor sucroalcooleiro tornou-se a principal fonte de empregos no estado. Auxiliando diretamente no desenvolvimento alagoano. Em razão da proporção econômica e poder de mercado sentiu-se a necessidade da união.
Assim, em 1944 os coronéis, usineiros, empresários e senhores de engenho ‘deram as mãos’ e fundaram o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçúcar-AL) com a intenção inicial de defender e representar os produtores de cana, açúcar, açúcar e energia.
Da foice à máquina
O que começou com um processo completamente manual e em quantidades reduzidas, hoje é automatizado e a granel. As atividades portuárias em Alagoas tiveram início em 1942 no Francês com o antigo Porto, que atualmente fica situado no Jaraguá.
Anteriormente, cerca de 400 toneladas de açúcar eram escoados pelos terminais de embarque. Esse começo e trabalho árduo possibilitaram que hoje fosse possível o transporte de mais de 2 milhões de toneladas de açúcar a granel e em sacos diretamente das usinas para o navio e exportação.
A pura colheita de cana também evoluiu. Com o crescimento da produção sucroalcooleira, o etanol e o álcool neutro ganharam espaço no mercado mostrando a diversidade de produção. Nada se perde, principalmente porque a sustentabilidade tem sido um dos motes atuais da indústria alagoana.
A prova disso é a produção de energia limpa a partir da biomassa do bagaço da cana-de-açúcar. Processo que torna as indústrias auto suficientes, já que geram por si a energia necessária para seu funcionamento. A cana tornou-se engenho, que gerou açúcar e deu espaço ao álcool. Não existe mais um jumento movendo a moenda, que hoje move-se com água. A modernidade ganhou espaço, mas o homem não foi deixado ao léu.
A herança da colheita
O que começou lá atrás, deu espaço a implementação de novas possibilidades industriais no estado. Hoje, a colheita não é somente de cana, é possível ver em números como Alagoas cresceu e continua gerando empregos para os alagoanos.
Atualmente, o Produto Interno Bruto (PIB) industrial de Alagoas é de R$ 9,4 bilhões conforme números divulgados pelo Observatório da Indústria da Fiea. No ano de 2021, o setor industrial traduzia 13,77% da economia estadual. Em comparação com 2015, a participação no PIB alagoano subiu 1,77 ponto percentual, que anteriormente era de 12%.
Os setores que mais cresceram e com isso alcançaram maior participação no Produto Interno Bruto alagoano foram a Indústria de Transformação e a Construção Civil. Juntos, eles representam 81% do PIB.
Falando em geração de empregos através de dados, somente em março deste ano a Indústria e a Construção possuíam 100 mil trabalhadores formais diretamente empregados em Alagoas. Somente esses números simbolizam 25% do emprego com carteira assinada (CLT) do Estado.
Para celebrar estes feitos e toda a história da indústria, desde 1948, o dia 25 de maio é o Dia da Indústria. A data foi escolhida em homenagem a Roberto Simonsen, que é patrono da indústria nacional.
Tratando-se da indústria alagoana, este ano é ainda mais especial pelo fato de também marcar os 45 anos da Casa da Indústria. A inauguração ocorreu em julho de 1979, na gestão do então presidente da Federação das Indústrias, Napoleão Barbosa, que hoje dá nome ao edifício localizado na Avenida Fernandes Lima.