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Jogo de terror psicológico pode ter inspirado plano de adolescentes para matar família no interior do Rio
Crime ocorreu no dia 21 de junho e foi executado pelo namorado virtual, de 14, que matou os pais e um irmão

Um jogo virtual com enredo de terror psicológico, centrado na história de dois irmãos que mantêm uma relação incestuosa e assassinam os próprios pais, está no centro da investigação de um crime brutal. Possivelmente inspirados nesse universo sombrio, um adolescente de 14 anos matou a tiros o pai, a mãe e o irmão de 3 anos, em Itaperuna, no Noroeste Fluminense. Segundo a Polícia Civil, o crime foi meticulosamente planejado ao longo de meses com a namorada virtual do jovem, uma garota de 15 anos que vivia a mais de 1.500 km de distância, no interior do Mato Grosso.
Adolescente que matou pais e irmão em Itaperuna:
No interior do Rio:
A polícia acredita que o conteúdo do jogo — já banido na Austrália por sua natureza “diabólica”, segundo o delegado responsável — alimentou o sadismo e a obsessão do casal adolescente, que mantinha conversas frequentes sobre como cometer os assassinatos.
— Eles se identificavam com esse jogo, mas não jogavam. Pesquisei e vi que esse jogo chegou a ser banido na Austrália e voltou reclassificado como 18 mais. Deve ser um jogo bem diabólico, sobre um casal de irmãos que praticavam incesto e matavam os pais, no qual eles se espelhavam — disse o delegado Carlos Augusto Guimarães da Silva, da 143ªDP (Itaperuna), que investiga o crime.
Em mensagens trocadas pelo notebook que ambos usavam para se comunicar, discutiam a ordem das mortes, se usariam faca ou arma de fogo, e até estratégias para despistar as autoridades. Após o crime, o garoto ainda enviou uma foto da família morta à namorada, que reclamou da demora na resposta: queria saber detalhes da execução.
A adolescente, descrita como tímida e boa aluna, foi apreendida em Água Boa (MT) e prestou depoimento sem demonstrar arrependimento, abraçada a um ursinho de pelúcia. Alegou ter sido coagida pelo namorado, mas a polícia afirma que as mensagens mostram o contrário.
Mortes brutais:
Segundo as investigações, ela teve participação ativa no planejamento e incentivou o triplo homicídio com chantagens emocionais, pressionando o garoto a “ser homem” e executar o plano. Já o adolescente, frio e articulado, confessou o crime sem demonstrar remorso. Disse que não se arrependia e que “faria tudo de novo”.
Os dois adolescentes mantinham contato havia cerca de seis anos pelas redes sociais. Nos últimos meses, a relação se intensificou, mesmo à distância. A garota chegou a criar um perfil exclusivo para se comunicar com o namorado. Além de planejar o crime, o casal também discutia maneiras de dificultar a investigação e evitar ser descoberto.
As vítimas — pai, mãe e o irmão mais novo do garoto — foram mortas enquanto dormiam. De acordo com o depoimento do adolescente, os pais teriam tomado por conta própria um remédio para dormir. Aproveitando-se disso, ele envolveu a arma do pai com uma fronha para não deixar impressões digitais e efetuou os disparos na cabeça das vítimas.
Corpos jogados na cisterna
O crime ocorreu na madrugada de 21 de junho. Inicialmente, o garoto tentou simular o desaparecimento da família. Quatro dias depois, acompanhado da avó paterna, foi até a delegacia para registrar o sumiço dos pais e do irmão, dizendo que todos haviam saído às pressas em um carro de aplicativo para socorrer o caçula, que teria se engasgado com vidro
A versão, no entanto, logo entrou em contradição com a ausência de registros em hospitais. Ao irem até a casa da família, os policiais encontraram manchas de sangue no colchão, roupas queimadas e um forte odor vindo do quintal. Os corpos estavam escondidos dentro de uma cisterna.
A arma usada no crime foi localizada na casa da avó. Ela afirmou que a recolheu por precaução, sem saber que o neto havia cometido os assassinatos. Segundo a polícia, não há indícios de participação dela.